26 abril 2009

Sexo precoce





Os jornais de hoje trazem estampados que as brasileiras fazem sexo cada vez mais cedo.


Acho isso ótimo, levanto-me às seis.

23 abril 2009

Contrastes iguais


A velha diretoria reunida nos subterrâneos divide a rapina. O sócio novo, no ensolarado vigésimo andar, frente ao computador transfere tudo para sua conta particular.

22 abril 2009

Fantasmas no armário




Meu casamento fracassou. Ainda sinto ternura por ela quando me abraça por trás e me envolve com seus braços. Pena que não tenha barba para me arranhar.

21 abril 2009

Alterações



Não aceito, não perdôo esse idiota que se comprometeu a não beber e levar e trazer minha filha para a formatura. Transformou amor em ódio. Glória em funeral.

20 abril 2009

Tesoura das estações



O outono pintou meus cabelos de branco. Exemplo de mãe, tia, avó. Família, família, família. Cozinheira e educadora. Seios apenas para alimentar. Sexo apenas para gerar.
Sinto os calorões da idade. Abro a janela e me refresco com um raio de sol sobre o musculoso jardineiro podando meu passado.

18 abril 2009

Gosto amargo




De advogada respeitada entre pisos de granito e poltronas de couro transformou-me em barata fétida. Minha vingança será afogar-me na reunião do conselho, bem na sua xícara de café.

09 abril 2009

Jenipapo na cesta do coelho da páscoa

Hoje é Páscoa. Domingo de Páscoa. E domingo é dia de caminhar no Eixão. Espalho protetor solar no rosto e braços, faço alongamentos e disparo para a rua. O sol do outono é abrandado por suaves ventos do nordeste sugerindo chuvas no período da tarde.
Ainda penso na Páscoa e que o pessoal de propaganda do Mago sugere a distribuição de livros em vez de ovos de chocolate. Livros de Paulo Coelho.
Coelhos lembram fertilidade. Fertilidade lembra coelhas e coelhinhas atiçam meu instinto masculino. Presto atenção nos rebolados e decotes caminhantes, femininos, claro. Caminhar é muito bom para a saúde e para a mente. Podemos pensar, refletir e resolver os problemas do mundo. Acho que prefiro observar. Sou voiê. Acompanho tudo o que se passa em volta. Entre outras coisas, presto atenção nos atletas. Percebo o que está na moda e o que não está. Cabelo com rabo-de-cavalo é moda. Tênis colorido continua moda. Aquele senhor barrigudo com a camiseta branca estufada dentro da bermuda jeans com uma pouchete presa no cinto social e meias brancas até o meio das canelas definitivamente está fora de moda. Olho e vejo tudo. Coisa engraçada são os três irmãozinhos apostando corrida de bicicleta e gritando para todos saírem da frente. Coisa animal é o cachorrinho de apartamento sendo levado no colo.
Meu passo apressado pára na altura da 203 Norte. Um casal está jogando um pedaço de pau numa árvore tentando derrubar frutas. Olhei bem para aquela árvore alta, de tronco liso e retilíneo Em resposta à minha pergunta informaram que era jenipapo.
Tomei a liberdade de aproximar do nariz e aspirei um perfume ligeiramente adocicado num fruto marrom do tamanho de uma laranja. Perguntei se fariam licor e disseram que comeriam a polpa com açúcar. Achei constrangedor pedir para abrir a fruta e fiquei sem saber como é.
Voltei para o meu caminho. Já estou longe de casa. Vou andar só mais um pouquinho. Só até aquela placa. Não, até aquela coelhinha passar. Faço a volta e vou ficar olhando a coelhinha seu rabinho a balançar.
Foi o que eu fiz. Segui a coelhinha. Que coelhinha apressada!
Os olhos seguiam a coelhinha e o pensamento fixo no jenipapo. Acho que a primeira vez que ouvi falar em jenipapo foi em meados dos anos 70, quando na novela Bem Amado, o Coronel Odorico Paraguaçu era servido do afrodisíaco licor de jenipapo pelas irmãs Cajazeiras. Primeiro era servido, depois se servia. É muito estranho a gente conhecer alguma coisa e não conhecê-la ao mesmo tempo. Nunca fui apresentado a um jenipapeiro. Fiquei frustrado por não conhecer a fruta por dentro. Será que é preta? Os índios se utilizam do urucum para pintar a pele de vermelho e de jenipapo para o preto. O jenipapo é o corante usado nos cestos e vasos. Quando terei nova oportunidade?
O jenipapo era o assunto da mente. A coelhinha, dos olhos.
Olhei novamente para a coelhinha e, para os meus olhos, carregava saltitante uma cestinha cheia de ovos multicoloridos. Será que o coelho da Páscoa quando pinta os ovos usa corante de jenipapo?

05 abril 2009

NOITE DE AUTÓGRAFOS


Quarta-feira, 8 de abril às 19h

Livro: PEPINO E FAROFA

Autor: Roberto Klotz

Editora: LGE

Local: Livraria Cultura no CasaPark Shopping Center - Brasília-DF


É a sua oportunidade de conseguir uma dedicatória personalizada. Você pode, inclusive, ditar o que desejar. Eu escreverei.
Para Vinícius, anotei: Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça é Pepino que vem e que estilhaça, caminho do lar.

01 abril 2009

Desligamento do BDE, Orkut e escrita

Postei esta carta de despedida hoje às 9h05 no Orkut, Comunidade Bar do escritor


Desligamento do BDE, Orkut e escrita


Amigos,

É com muito pesar que anuncio meu desligamento desta comunidade, do Orkut. E também renuncio ao meu projeto de ser escritor.
A desilusão com as vendas e o pouco comparecimento no lançamento do meu livro “Pepino e farofa” jogaram meu ego de escritor na sarjeta. Por outro lado, um empresário captou nas páginas do livro uma vocação oculta para a culinária. Chamou-me para reorganizar um grande restaurante de Brasília. Começo a trabalhar amanhã e o restaurante será inaugurado com grande festa no dia do aniversário da cidade: 21 de abril. (por enquanto estou proibido de dizer o nome do restaurante).

Passei uma semana ruminando esta minha decisão.
Por uma questão de respeito, comuniquei minha posição pessoalmente ao presidente da comunidade ontem à noite.
De toda forma, gostaria de externar que o convívio diário com vocês foi ótimo. Pena que todos os elogios que recebi encheram demais a minha bola. A minha ficha caiu.

Abraços fraternos,

 
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