O calor nos deixa fracos e cansados. O suor cai da testa, molha o peito e desenha desconforto sob as axilas. O vento sopra alívio. O vento é o ar apressado, é o ar que marca presença. Gira cata-ventos multicoloridos e revira guarda-chuvas. Festeiro é quem convida as roupas a dançar nos varais, levanta saias e, querendo algo mais, desnuda as árvores e levanta pipas.
O vento forte provoca desconforto para as aves menores enquanto as maiores aproveitam para fazer mil acrobacias aéreas.
Bem à minha frente, distante, há uma enorme ave pousada. A cor branca se destaca na folhagem verde escura da árvore. Observo que a ave dança em ritmo frenético como se estivesse provocando o vento para alguma aventura. Pelo tamanho do porte não é uma a pomba. Jamais seria uma gaivota, Brasília fica muito longe do mar. Estamos longe de rios ou lagoas, mesmo assim, acredito ser uma garça numa dança de acasalamento.
Caminho na direção da árvore e conforme me aproximo mais curioso fico tentando decifrar o ritmo do pássaro balançante.Agora, com os meus óculos, e a dez passos reconheço um plástico de supermercado, preso no último galho, sorrindo debochado.
3 comentários:
Lindo e bem humorado.
Gostei muito da imagens do vento. Criativo como sempre
bjs
Hehe... sua cara, esse conto! Quase posso ouvir sua risada debochada! Eliz.
Reality show, meu caro
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