Londonópolis é uma pequena cidade fundada por ingleses que construíram a estrada de ferro no final dos anos 1800. A cidade encravada no meio das montanhas foi esquecida nas névoas do tempo quando os governantes do país abandonaram as locomotivas. A neblina produzida pelo rio Cãmisa também impede que os habitantes vejam as horas no Tiqueaçu (tiqueaçu, é o equivalente a Big Ben em tupi).
Apesar do isolamento, a cidade se desenvolveu muito desde a revolução industrial, tanto que produz os próprios veículos automotores. E sempre quando um novo prefeito toma pose no cargo, desfila nas ruas a bordo de um possante Rollsronca.
Todos trabalham muito. A alta produtividade estimulou a adoção da semana inglesa. Nas horas de folga a população anglo descendente, quando não joga bridge, fala mal dos franceses ou se entrega aos prazeres do cultivo e da poda promovendo acirrados campeonatos de jardinagem.
Contei sobre o cenário e os costumes do local para ambientar o personagem central dessa história.
William VI, 37 anos, de porte atlético, olhos azuis, bem falante, nobre e rico. É descendente direto de William I que projetou a cidade e, apostando no sucesso do empreendimento, comprou todas as terras circunvizinhas. Empreendedor, plantou ares e hectares de chá nas encostas das montanhas. Os negócios se expandiram de tal forma que estabeleceu pontes de comércio com outras capitais e um viaduto do chá com São Paulo.
O herdeiro das fazendas mantém e incentiva o costume tradicional do chá com torrada às cinco horas. Com a elite da malandragem Londonopolitana inovou ao tomar uísque sem gelo meia hora depois para falar de negócios, cavalos, soccer e mulheres, of course.
Nesta tarde foi diferente. Os dois jornais, O Guardião e Espelho Diário anunciavam o seu casamento em letras garrafais com uma plebéia. A linda noiva de apenas 21 anos sabe tocar as músicas de Elton John ao piano, cozinha o melhor pudim yorkshire da região e sabe, como ninguém, servir a tradicional cerveja quente.

Quem levará as alianças? Quem serão os padrinhos?
Qual será o recheio do bolo? Chocolate, blueberries, ou strawberries?
Onde será a recepção? No Liverpool pub, no Hotel Shakespeare, na Maison Agatha Christie ou no Wimbledon Center?
Não foram abertas apostas para a cor do vestido.
Para os amigos de copo e mesa do noivo tudo isso é uma grande bobagem. Apenas outro factoide para vender jornais. A aposta mais importante é adivinhar por quantos dias após o casamento William VI se manterá fiel?
Ainda não fui chamado para assinar contrato com A Folha, Estadão, Correio Braziliense, Zero Hora, Estado de Minas ou Globo, mas já recebi convite para ser publicado no Tagualetras de Taguatinga e A voz de Goiânia.
Todas as quartas-feiras, até as 18 horas, apresento, no meu blog, um texto com provocação originada em artigo do Correio Braziliense. O texto é limitado entre 2959 e 2997 caracteres.
Sou persistente e acredito na qualidade e constância da minha escrita. Por isto aguardo convite para ser colunista remunerado.