Hilda Hilst
Editora Globo
200 páginas
Agora que todas as mulheres vão para a cama com 50 tons de cinza resolvi que eu também deveria ler. Por outro lado os críticos a amarraram escritora num pau de arara para dar porrada. E, dá-lhe porrada.
Talvez, quem sabe devesse ler aquela outra gordinha que escreve no mesmo estilo erótico, porém melhor e que no nome já diz a que veio : Dei. Sylvia Day.
Não. Definitivamente não. Não sou mulher. Esses livros foram escritos por mulheres para mulheres. É o que dizem.
Aí, na livraria encontrei outra mulher: Hilda Hilst. E os textos não eram poesia. Eram cartas. Cartas de um tarado.
Há trezentos anos uma amiga me recomenda com entusiasmo a leitura da Hilda Hilst.
Eu sabia que a autora era da linha pornô, mas julguei que fosse somente poetisa.
Folhei e me atrevi a comprar.
A autora se coloca no papel de um homem endinheirado que escreve para a sua irmã que está num convento. Só pensa em sexo. Coisa herdada junto com a grana. Em sucessivas cartas, cada vez mais picantes e reveladoras relembra as aventuras com a irmã. E outras relações nada convencionais.
“Não ignoras o quanto fui competente fazendo o impossível para que tu pensasses (quando estavas comigo) que na realidade fodias com teu pai. (Sorte que, até hoje ou até onde sei, não nos coube.) E reconheço que te esforçaste para que eu pensasse em mamãe na hora de chupar os formosos seios.”
“Gosto de corpos duros, esguios, de nádegas iguais àqueles gomos ainda verdes, grudados tenazmente à sua envoltura.”
Não sou nenhum santinho, mas juro que aprendi um monte de palavras e expressões que nem o Nelson Rodrigues empregaria.
Há pelo menos dois contos – ou duas cartas excelentes, costumo dobrar as orelhas para marcar.
Hilda Hilst tem uma vasta bibliografia com 20 livros de poesia, 12 de ficção e um de dramaturgia além da participação em 7 coletâneas. Foi traduzida para o francês, italiano espanhol, inglês e alemão.
Ela escreve, desculpe o linguajar, bem para caralho, mas não é a minha praia. Eu não pretendo ler outro livro da Hilda. Entretanto achei fundamental ter conhecido o estilo.
2 comentários:
Eu não faço a menor questão de lê-la,também não é a minha praia e eu sabia que se tivesse escrito nesse estilo meus livros estariam esgotados. Mesmo assim, preferi ser fiel a mim mesma. Quanto aos tons de cinza,é outro que não me atrai nem um pouco.
O melhor escritor é aquele que escreve dentro da sua forma de ser. Que não se invente. Que não falseie. Acredito que os autores imprimem letras da sua personalidade no papel.
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