08 setembro 2015
Quanto mais alto, pior
A editora do
jornal não se interessou
“Que continuemos a nos omitir da
política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem.” ― Brecht
Há anos estou
incomodado com a existência de uma imobiliária e de uma lanchonete no Eixinho
Norte. Estão na EQN 208/209 desde 2001. Aos poucos, discretamente, a
imobiliária edifica mais um show room
mordendo nacos da área destinada a um clube vizinhança.
Não acredito,
ou melhor, duvido que o comércio e os outdoors nas margens dos Eixinhos
estivessem nos projetos de Lúcio Costa.
Lenta e
silenciosa, mas arrasadora, a sanha das construtoras derruba os padrões
estabelecidos originalmente para a cidade.
Exemplificando,
na EQS 212/213 foi erguido um gigantesco templo da igreja Universal. Certamente
a legislação foi modificada para atender os interesses da igreja. A mesma
instituição que driblou a lei para a construção do mega Templo de Salomão em
São Paulo.
Outro exemplo
é a edificação erguida e alugada para a Secretaria de Comércio Exterior – Secex
– pertencente ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Foi instalada no início de 2013 em moderno prédio construído na EQN 102/103. Sem
dúvidas a legislação também foi modificada para atender interesses não
comunitários.
Não acabou.
Preciso exercer
a minha indignação. Sem nenhuma oposição ou constrangimento, constrói-se um
prédio de seis andares na EQN 204/205. A edificação que extrapola a altura
originalmente permitida para as entrequadras será ocupada por órgão público sem
fins comunitários.
Isto é um atentado
à cidadania! Está lá nos parâmetros urbanísticos e de preservação: “As
Entrequadras são caracterizadas por edificações de baixa altura, dispostas
isoladamente no lote.”
Parece que o
brasileiro perdeu a sensibilidade para o absurdo.
O que fazer?
Acredito que o
jornal tem poder para mobilizar a população. Deve alertar visando modificar e
corrigir atitudes de políticos e administradores da cidade, nesta e em outras
situações.
Um jornal
existe para servir, antes de tudo, ao conjunto de valores mais ou menos
consensuais que orientam o aperfeiçoamento da sociedade.
É mais cômodo
e barato ficar na redação a procurar a verdade, a ser muito provavelmente
perturbado pelos ricos e poderosos. Esta matéria não é como um release que está digitado e pronto para
ser diagramado. Os ricos e poderosos não têm interesse na publicação. Mas os
que se identificam como cidadãos têm. E o jornal deve se posicionar ao lado dos
interesses dos cidadãos, seus leitores.
O brasileiro e
o brasiliense, em especial, procura um líder para modificar o status quo. O Correio pode e deve ocupar
esse espaço.
Não são apenas
puxadinhos, o precedente das edificações ilegais ou “legalizadas” está aberto.
O Correio Braziliense não pode rejeitar a investigação e a reportagem. Precisamos
reverter a tendência.
Qual é o
caminho?
São palavras
do Superintendente do IPHAN, Carlos Madson, publicadas no CB de hoje (25/07/15):
“Brasília quer ser moderna? Então faça as coisas de forma moderna. Discuta com
a sociedade. As cidades que melhor estão resolvendo os problemas urbanos são as
mais democráticas.”
Além de
levantar a questão e apenas criticar, sugiro que o jornal promova uma
mobilização da comunidade candanga para a ocupação saudável da EQN208/209.
Que tal
promover a construção de um parque calendário?
Seria plantada
uma fileira de árvores da mesma espécie que floresça em janeiro/fevereiro. Na
fileira seguinte seria plantada outra espécie que floresça em março/abril. Na
sequência outra fileira com espécie diferente que floresça exuberância.
Uma das
características de Brasília são árvores floridas proporcionadas por estações do
ano bem definidas. Outra característica é o planejamento da cidade. Seria uma
ótima oportunidade de unir características e interesses com o incentivo do
jornal.
O processo de
crescimento da árvore é lento. Imaginem nossos filhos e netos fotografando linhas
de flamboyants, ipês, quaresmeiras, sapucaias, sibipirunas, manacás,
espatódeas, paineiras, acácias, jacarandás...
Um paisagista
desenvolveria o projeto e a comunidade mobilizada arrecadaria as mudas. Seria
encantador ver crianças plantando as arvorezinhas.
A proteção da
cidade é o respeito da cidadania, é a defesa da qualidade de vida
orgulhando-nos de sermos brasilienses.
O brasiliense
está cansado de ser atropelado pelo desrespeito.
A
população quer saber qual é o órgão responsável pela mudança do gabarito. Quer
saber qual é o órgão fiscalizador. Desejamos opinar sobre a ocupação dos
espaços. Não queremos praças de alimentação, shopping centers ou prédios
públicos porque interferem no trânsito, produzem barulho e atraem insegurança.
O que a população,
numa enquete, desejaria para estas áreas? Quadras poliesportivas? Parque? Clube
vizinhança? Escola pública? Gramado?
Por favor,
estimulem o brasilense a encontrar uma solução.
Atenciosamente,
Roberto Klotz
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