Faltavam cinco minutos para a agência bancária fechar as portas quando a mulher curvilínea ficou presa na porta giratória.
Estava visivelmente constrangida.
Apesar do par de brincos de pérolas, da calça elegante e do nariz empinado, vestia uma blusa puída e um par de chinelos de dedo. O ridículo pano amarrado na cabeça sugeria que estivesse no meio da faxina quando lembrou de pagar o aluguel na última hora do último dia. Vestiu a primeira calça à vista e catou a cesta para uma compra depois de resolver o pagamento.
Independentemente dos sentimentos da mulher, o guarda solicitou em voz alta que a mulher mostrasse o conteúdo da sacola. Com um olhar implorou discrição. Não foi atendida. Desejou ficar invisível. Instada a mostrar o conteúdo da sacola levantou timidamente um vibrador. O vigia, muito alienado, perguntou a serventia do objeto. Uma vizinha, testemunha do fato, um tanto constrangida, esconde-se atrás de um pilar. O guarda não conseguia entender os gestos da mulher nem ouvi-la. A mulher, ainda presa na porta giratória, com o pênis elétrico na mão, teve que gritar explicações enquanto o marido saia pela outra porta giratória fingindo desconhecimento.
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