13 dezembro 2016
Precisa-se advogado
Coloquei anúncios e solicitei currículos a meus
amigos. Eu precisava de um outro advogado para o meu escritório. Passei a
peneira e selecionei apenas alguns poucos candidatos.
Eu buscava algum relativamente novo, com alguma
experiência em análise e elaboração de contratos. Queria alguém estudioso, que
tivesse passado no exame da ordem. Tanto fazia homem ou mulher. Pouco me
importavam os conceitos alto, gordo, moreno, nariguda ou elegante.
O primeiro foi muito eloquente dentro de um
terno impecável.
O segundo, que trajava uma gravata listrada
azul e vermelha, se mostrou experiente, trabalhara um bom período defendendo
uma empresa dos consumidores.
Em terceiro se apresentou uma moça com saltos finos e vestido pouco
acima dos joelhos, usava óculos discretos que confirmavam a seriedade no
linguajar de advogada experiente.
O quarto candidato, um sujeito que nem pensei
que viera para a entrevista. Combinava a bermuda preta com a camiseta estampada
com a cara de morcego do Gene Simmons do Kiss.
— O que deseja?
A resposta veio direta, objetiva, seca, na
lata, sem rodeios.
Apontou para o chão com o indicador em riste.
— Trabalhar aqui.
Apavorado com a ideia de um roqueiro hard rock
numa casa clássica, perguntei:
— O que tem na cabeça?
Com a mesma segurança e desenvoltura voltou as
duas mãos para cima.
— Cabelos verdes, uma tatoo tribal na testa, um
piercing na narina e dois alargadores nas orelhas.
— Sinto muito. Advogado não é nome de banda. — Abri a porta. — Próximo por,
favor.
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