25 agosto 2015
Limonada suíça
Ontem fui a uma reunião na casa de um amigo . Gente
finíssima. Casal muito
amável e receptivo ,
daqueles que não
seguem moda , fazem moda . Apartamento nobremente decorado. Poltronas
de couro , quadros
assinados e artesanato exclusivo.
Para eles, nada é simples .
Tudo tem valor
agregado . Sem
demagogia , sem
modéstia , com
esnobismo e com
muito miserê.
Chamou-me a atenção a grande mesa
decorada com originalidade .
Abóboras , rabanetes
e alface espalhada.
Logo fiquei sabendo que a abóbora não era abóbora . Era uma abóbora
premiada. Que os rabanetes
não eram rabanetes ,
eram rabanetes melhorados geneticamente.
Fiquei imaginando que a alface não era alface , era alface crespa alisada com
chapinha.
Devíamos ser umas dez pessoas . A conversa transcorria com
naturalidade . O casal
sempre agregando uma história para valorizar suas
diferenças.
Ele pitava um cigarro
de palha em vez de cigarro ,
cachimbo ou
charuto. E aquela palha havia sido
trazida da Síria na última
viagem que
fizeram ao Oriente.
Até o pão do sanduíche
havia sido, conforme o casal , produzido especialmente
para aquele evento : sem nenhum aditivo químico . A sobremesa foi queijo minas com goiabada cascão . A goiabada
foi fervida em tachos
de cobre pela
avó do prefeito numa vila do nordeste
mineiro.
O que mais me
impressionou foi quando , ainda antes do sanduíche , a sede
apertou. Uísque? Nem pensar . Imaginei a cerveja glacial
descendo e aplacando desejos sedentos . Não me perguntaram o que
eu queria beber .
Apenas anunciaram que
a bebida já
estava na mesa.
Fui seco à jarra
de cristal . Julguei maravilhosa
caipirinha abrindo caminho
para a cerveja.
Servi um copo
grande , imaginando batida
comunitária .
Provei.
Impossível disfarçar minha desagradável surpresa .
Além de amarga, sem
açúcar.
dona de casa logo
agregou:
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Se Deus lhe der um limão, faça uma caipirinha.
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