08 outubro 2015

Antologia


— Ó, von Silva, o que é antologia?
Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo não faria essa pergunta. Se eu fosse o Raimundo que amava Maria que amava Joaquim, eu também não saberia a resposta. O meu nome é von Silva, não tenho outro de pia.
Se eu estivesse na repartição seria normal esse tipo de pergunta. Estou longe de qualquer dicionário, porque hoje é sábado. Essa Rosa radioativa estúpida e inválida não deveria ter feito esse questionamento.
Perdido, sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos, procuro uma resposta. Desejei me esconder, desejei ir para Minas. Minas não há mais. Quis morrer no mar, mas o mar secou. Vou-me embora pra Pasárgada, sou amigo do rei. Volto para a minha terra que tem palmeiras onde canta o sabiá, que tem cadeiras onde posso sentar e procurar um desmancha-dúvidas.
Meu reino por um dicionário!
Deus, ó Deus, onde estás que não respondes? Preciso urgente de um pai dos burros.
Queixo-me da Rosa, mas a Rosa não fala, simplesmente perguntou o que é antologia.
Para todas as coisas: dicionário. Para que fiquem prontas: paciência. Rosa não tem paciência. Quer resposta. Tem uma pedra no meio do caminho! Cadê o maldito tira-teimas?
Toda pedra no caminho você pode retirar. De repente, não mais que de repente, surge o salvador e consulto o verbete:
Coleção ou seleção de trechos em prosa e/ou em verso.”
— Obrigado, Aurélio!
Aurélio, garoto esperto, informa também que intertextualidade é a superposição de um texto a outro.
Mais uma vez, obrigado, Aurélio!





Pesquisa para o texto Antologia
“Mundo, mundo, vasto mundo. Se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução.” — O gauche — Carlos Drummond de Andrade

João que amava Tereza, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim, que amava Lili.” — Quadrilha — Carlos Drummond de Andrade

“O meu nome é Severino. Não tenho outro de pia.” — Morte e vida severina — João Cabral de Melo Neto

Porque hoje é sábado.” — O dia da criação — Vinícius de Moraes

“A rosa hereditária. A rosa radioativa estúpida e inválida.” — A rosa de Hiroshima — Vinícius de Moraes

Sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos.” — Alegria, alegria — Caetano Veloso

“Quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais.” — E agora, José? — Carlos Drummond de Andrade

“Vou-me embora pra Pasárgada, sou amigo do rei.” — Vou-me embora pra Pasárgada — Manuel Bandeira

Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como .” — Canção do exílio — Gonçalves Dias

Meu reino por um cavalo!” — exclamou Ricardo III na Guerra das Duas Rosas, conforme William Shakespeare

Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?” — Vozes d'África — Castro Alves

“Queixo-me às rosas, mas que bobagem, as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti, ai.” — As rosas não falamCartola

"Para todas as coisas: dicionário. Para que fiquem prontas: paciência." — Diariamente — Nando Reis

“No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho.” — No meio do caminho — Carlos Drummond de Andrade

Toda pedra no caminho você pode retirar.” — É preciso saber viver — Roberto Carlos e Erasmo Carlos

“De repente, não mais que de repente, fez-se de triste o que se fez amante.” — Soneto da separação — Vinícius de Moraes

“Se você rouba de um autor, é plágio, se de vários, é pesquisa.” — Wilson Mizner.

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