01 dezembro 2015
Chatô o rei do Brasil
Esta
foi a primeira vez que ousei comentar sobre um livro lido,
a
data acusa 30/01/2005
Chatô
o rei do Brasil
Fernando
Morais
Companhia
das Letras
736
páginas
Não
anotei o valor da compra.
O
polêmico Chatô na escrita de F. Morais
Sempre tive muita curiosidade em
saber dos mistérios de poder do Velho Capitão. Guardava na memória um registro
dele trajando elegante fraque encimado por brilhante cartola. Como paulistano
passei na frente da Casa Amarela várias vezes. Uma vez parei para admirar os
colibris confinados numa enorme gaiola. Ele era um mito. Tive a oportunidade de
vê-lo uma vez.
O que mais aguçava minha
curiosidade, foi ter visto no MASP, ainda na Rua 7 de Abril, uma obra de Manet
com uma nota de agradecimento à família Lundgren pela doação. Fiquei impactado.
Mesmo menino eu sabia quanto valia um quadro de um mestre. Os Lundgren são
parentes e meu pai teve convívio com eles bastante próximo na década de 50. Ao
voltar para casa elogiei o desprendimento na doação desta magnífica obra. Meu
pai protestou. Disse que não se tratara de benemerência e sim de resultado de
chantagem. E que dessa forma Chateubriand teria montado o maior museu do
hemisfério sul. Um dia eu precisava tirar isso a limpo. O livro confirmou as
palavras do meu pai.
Por essas e outras amei conhecer
tanto sobre a figura.
Que aula de história! Chateubriand
conseguia estar presente em todos bastidores dos momentos importantes. Fazia o
mundo girar na velocidade e sentido que lhe interessavam.
Ele, conforme o título do livro era
o rei do Brasil. Era poderoso, sem escrúpulos e dono da opinião na imprensa e
na televisão nascente. Sem constrangimentos, comprava pessoas e anunciava ter
comprado.
Na leitura descobri que ele também foi
um grande incentivador da aviação no Brasil. Percebendo os conflitos
internacionais criou dezenas de aero clubes, inclusive o de Marília onde papai
tirou brevê aos 17 anos.
Fiquei estarrecido com a cara de pau
e estratégias montadas para assistir à coroação da rainha Elisabeth, à qual não
fora convidado.
Além da fantástica biografia,
chamaram-me à atenção no livro o volume da pesquisa, a quantidade de entrevistas
e a profusão de colaboradores. O senso de organização, trabalho e acima de tudo
contatos são destaque merecedores de aplausos. Trabalho complexo de pesquisa e montagem
de equipe tão grande e multidisciplinar em diversos cantos. Destaco ainda o genial
e divertido vocabulário léxico do polêmico Chateubriand que Fernando Morais
resgatou. Nauseabundo, poltrão, sacripanta, celerado, torvo, flibusteiro,
bufarinheiro e frascário foram alguns dos adjetivos nada delicados aplicados
pelo protagonista aos que atrapalhavam seu caminho.
Gosto muito de pesquisa e percebo
neste livro um rico veio de preciosidades.
Meu livro orgulhosamente tem
dedicatória do autor.
Agora, passados dez anos continuo
empolgado para ver o filme.
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