19 abril 2016

A unha encravada


Perguntaram-me sobre o que escrevo. Como resposta disse que escrevia sobre o tudo, sobre o nada ou qualquer coisa entre aqueles dois.
Coisa louca! Parece um camarada que contava piada sobre qualquer tema, bastava dizer uma palavra e ia ele contar piada usando aquela palavra. É isso mesmo?
– É, pode ser.
Então vou escolher uma palavra e duvido você escrever sobre isso. Humm... amor? Não. Política? Não. Uma palavra, não um tema. Nuvem, não. Cachorro. Tem tanta gente escrevendo sobre cachorros. Janela. Essa é muito fácil. sei. Desafio a escrever sobre unha. Isso mesmo, quero que escreva sobre a unha.
Isso é piada?
– Está entre o tudo e o nada!
Bem mais perto do nada.
– Pediu arrêgo? Num dá conta?
Cocei a cabeça e topei a empreitada.
Se eu não tivesse unha como iria coçar a cabeça. É para isso que serve a unha: para se coçar. A gente pode coçar com força ou fazendo carinho. Com a unha a gente pode tirar casquinha da ferida daquela picada de mosquito. Tem gente que tira meleca do nariz com a unha. Que nojo! Juro que eu nunca fiz isto. Pelo menos quando tinha alguém olhando.
A primeira coisa é consultar o pai-dos-burros. Quando a gente tem um à mão. Quando a gente não tem, a gente fica imaginando a descrição à respeito:
pedaço de osso que não é osso e fica na ponta dos dedos;
utensílio que as mulheres quebram ao fechar gavetas;
arma usada pelas felinas em briga de rua;
coisa que continua crescendo junto com os cabelos quando a gente morre;
instrumento penetrante usado por algumas mulheres para cravar nas costas dos amados na hora do orgasmo;
ferramenta disponível nas lotéricas para as raspadinhas;
coisa utilizada para retirar alface do dente;
apêndice que semanalmente nos obriga procurar por toda casa a tesourinha de cortar unhas;
objeto que, quando recém-pintado, serve de desculpa para as mulheres pedirem ajuda para calçarem sapatos;
passatempo com os quais funcionários públicos usam o expediente para limpeza, aparo e lixamento;
aparador de batidas de martelo;
instrumento de tortura para as mulheres indecisas na hora de escolher a cor ao pintarem as unhas;
calmante ingerido nos filmes de terror.

            – Uau! Peguei o touro à unha e o derrubei!

Um comentário:

Anônimo disse...

https://podologaemsaojoaodaboavista.blogspot.com/

Jóice Morita

 
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