09 agosto 2016
DEVOLUÇÃO PERIGOSA
Foi
publicado que “A biblioteca pública de Winona (Estados Unidos) perdoou as
dívidas de todas as devoluções atrasadas de livros. O resultado: um livro
perdido há pelo menos 35 anos foi parar na caixa da biblioteca. O exemplar devolvido
é de um livro com textos de diários de figuras públicas norte-americanas quando
crianças. O livro foi publicado em 1966 e emprestado quatro vezes antes de
desaparecer. Não fosse pela semana de perdão das dívidas promovida pela
biblioteca, o proprietário do livro perdido teria de pagar mais de US$1,4 mil
(cerca de R$ 2,4mil) de multa.”
Essa
história mexeu comigo.
A manchete do jornalzinho da
pequena cidade americana anunciava que naquele sábado a biblioteca municipal
promoveria o dia do perdão. O acervo estava prejudicado. Por maior que fosse o
atraso, todos que devolvessem livros naquele dia seriam perdoados nas multas.
John Smith fecha
cuidadosamente o jornaleco sobre a mesa e olha para a estante repleta de
livros. Com os olhos percorre as prateleiras, uma a uma. Fixa-se numa capa
verde clara desbotada pelo tempo. Levanta-se e puxa o livro pela lombada. Uma
orelha dobrada indica quando Humbert inicia a longa viagem de prazer, pela
Europa, com Lolita. Volta a fechar o
livro e se recorda de mil aventuras quando era vendedor de xarope. Sua
camionete conhecia todas as estradas do Alabama, Mississipi, Tenessee,
Kentucky, Missouri e Arkansas. Em cada cidade, em cada vila, mesmo que houvesse
apenas uma única mulher, novinha que fosse, Smith dormia acompanhado.
Coisas do passado. Fui
acusado justamente e injustamente. Revoltou-se com o apelido de serial fucker. Cumpriu pena alternativa
durante um ano distribuindo basic baskets
em um orfanato.
Dizia-se redimido. Fixou
residência. Passou a frequentar uma igreja evangélica.
Mais que um livro, Lolita fora seu companheiro de viagens
durante 40 anos. Agora a estrada chegara ao fim. O livro precisava ser
devolvido. Necessitava demonstrar a todos que estava regenerado, era homem
cumpridor das leis, que estava reintegrado na sociedade. Que poderia olhar nos
olhos dos vizinhos sem constrangimentos. John Smith voltara a ser um cidadão. A
devolução seria o momento libertador.
O sábado chegou e o evento,
dia do perdão, atraiu toda a população do vilarejo. O banjo, a gaita e o
violino faziam a festa. Um misto de fotógrafo e jornalista registrava sorrisos
de leitores que devolviam livros sem desmbolsar preciosos dólares.
Smith, retornando do culto,
retirou o livro de dentro de uma sacola e, sob os flashes, entregou-o orgulhosamente
à bibliotecária.
— Muito obrigado. O senhor é
o mister John Smith, não é?
— Sim sou eu mesmo. É um
alívio livrar-me deste pecado.
— Consta que, além de
Lolita, o senhor ainda detém Memórias de
uma Mulher de Prazer – Fanny Hill
de J. Cleland; O Amante de Lady Chatterly
de D. H. Lawrence; Trópico de Câncer
de Henry Miller; História de O, de
Pauline Reage além de Justine e Filosofia na alcova do Marquês de Sade.
O senhor continua pervertido!
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Um comentário:
Amei... Continuo me divertindo com as engrenagens da sexualidade humana... Suas festas e infelizes castrações kkkkkk
Forte Abraço amigo Klotz
Ana Denise
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