Personagem
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Referência
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Yolcault
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É o mais poderoso chefe do tráfico de drogas do México (significa
serpente venenosa/ cascavel)
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Tochtili
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É filho único de Yolcault (significa coelho – simboliza a inocência)
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Mazatzin
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Tutor de Tochtili. Professor. Desejou ser escritor. Cama Tochtili de
Usagi (no calendário maia, asteca e tolteca Mazatzin é um professor)
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Miztli
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Vigia. Pajem de Tochtili. Matador (significa puma)
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Chichilkuali
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Vigia. Matador (significa águia vermelha)
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Itzpapolotl
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Empregada (significa mariposa com asas de navalha que governava o
mundo do paraíso do deus Tomoachan)
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Azcatl
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Jardineiro – mudo (significa formiga vermelha responsável por manter
a evolução das raças)
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Itzcuautli
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Cuidador do zoo – mudo (significa águia real)
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Cinteotl
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Cozinheira (deus do milho – principal alimento azteca)
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Quecholli
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Amante do pai. Vegetariana – muda (significa pena, pluma preciosa)
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El Gober
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Governador (gobernador em espanhol é governador)
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Franklin Gómez
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Nome hondurenho do passaporte falso de Mazatzin
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Winston López
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Nome hondurenho do passaporte falso de Miztli
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Junior López
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Nome hondurenho do passaporte falso de Tochtili. Também Jota Erre
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John Kennedy Johnsson
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Guia na selva da Libéria
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Martin Luther King Taylor
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Motorista da van de carga na selva da Libéria
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Paul Smith
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Traficante americano
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Alotl
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Nova professora para Tochtili. Amante do pai. Arara – ave que fala.
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21 janeiro 2016
Festa no covil
Juan Pablo
Villalobos
Companhia das
letras
R$ 30,00
88 páginas
Deliciosamente
diferente de tudo que tenho lido. Leitura fácil e rápida. Difícil será resenhar
com originalidade uma vez que na capa traz um teaser perfeito: “Um poderoso romance sobre inocência e
bestialidade. Cômico e assustador.” Também no verso há um ótimo resumo e para
completar há um posfácio espetacular, não deixando muita coisa para acrescentar.
A história
lembra muito o filme A vida é bela de
Roberto Benigni, onde um pai faz o filho acreditar que o Holocausto é um jogo
sem que o menino perceba o horror no qual estão inseridos. No livro A festa no Covil o menino Tochtlili,
mimado, percebe que o pai é rico, pode tudo, mas não tem a menor ideia de que do
que o pai faz. Sabe que não pode chamá-lo de pai. Enquanto Yolcault é o maior
traficante mexicano, o menino só tem interesse, uma quase fixação, em acrescentar
um hipopótamo anão liberiano ao minizoológico.
Por segurança,
Tochtili não pode sair do palácio onde mora. Conhece apenas uma dúzia de
funcionários e seguranças que prestam serviços regulares na fortaleza. Está
sempre com a cabeça coberta. A cada dia usa um chapéu diferente e guarda a
enorme coleção no quarto dos chapéus. Quase todos os quartos da mansão tem
acesso proibido e ficam trancados. Cercado de violência a percebe com
naturalidade. Tem o momento de carinho com o pai assistindo juntos filmes de
samurais com suas espadas cortantes sangrando oponentes. Entende que os americanos
matam com tiros, os mexicanos com facões, os japoneses cortam cabeças com
sabres e que os franceses são mais evoluídos por terem inventado a guilhotina.
Com tanto
sangue e violência à volta, a inocência do menino que se julga esperto produz
um efeito de assustadora e bizarra comicidade.
O autor
conseguiu narrar uma história do mundo do narcotráfico a partir do ponto de
vista de um menino sem precisar se envolver com drogas, armas, dólares,
políticos e polícia. O bom de uma narrativa é quando o autor nos convence da
verossimilhança da história. O garoto presencia ou comete barbaridades com a
suavidade de quem come um sorvete.
É hilário
quando conta um jogo de que gosta de brincar com o pai.
“Uma das
coisas que aprendi com o Yolcaut é que às vezes as pessoas não viram cadáveres
com uma bala. Às vezes precisam de três balas ou até catorze. Tudo depende de
onde você atira. Se você atira duas balas no cérebro, com certeza eles morrem.
Mas você pode atirar até mil vezes no cabelo que não acontece nada, apesar de
que deve ser bem divertido de ver. Eu sei dessas coisas por causa de um jogo
que eu e o Yolcaut costumamos jogar. O jogo é de perguntas e respostas. Um fala
uma quantidade de tiros e uma parte do corpo, e o outro responde: vivo, cadáver
ou diagnóstico reservado.
— Um tiro no
coração.
— Cadáver.
— Trinta tiros
na unha do dedo mindinho do pé esquerdo.
— Vivo.
— Três tiros
no pâncreas.
— Diagnóstico
reservado.”
O
texto é muito bem trabalhado. Por ter sido escrito pela ótica de um menino
inocente parece superficial. Não é. Há reflexões geniais como quando sugere:
“Alguém
devia inventar um livro que dissesse o que está acontecendo neste momento,
enquanto você lê. Deve ser mais difícil de escrever que os livros futuristas
que adivinham o futuro. Por isso não existe. E aí a gente tem que investigar na
realidade.”.
Por
curiosidade, pesquisei os nomes escolhidos pelo autor para as personagens e
tive confirmada a suspeita de que nada no livro é por acaso.
Espero que
você goste tanto do livro quanto eu gostei.
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