05 janeiro 2016
Puxando papo
Se estivermos
sentados na antessala de um ortopedista é provável que, em função do ambiente, perguntemos
ao vizinho:
— O que foi
que você quebrou?
A pergunta não
é ofensiva. É óbvio que ele não quebrou uma vidraça, nem algum vaso. Provavelmente fraturou um osso.
Se estivermos
ladeando alguém na sala de embarque do aeroporto é razoável perguntarmos:
— Vai a
serviço ou a passeio?
Será o início
de uma viagem na conversa.
Para puxar
papo com estranhos, muitas vezes, contextualizamos as perguntas quanto ao
cenário.
Fui a uma
palestra de incentivos fiscais para a cultura. O auditório estava repleto de
artistas de todos os segmentos em busca de patrocínio. Ainda faltavam 15
minutos para o início quando perguntei à vizinha de poltrona:
— Qual a é sua
área de atuação?
Ela fez uma
cara assustadíssima. Afastou o ombro do meu ombro como se eu fosse um leproso.
— Não
entendi...
— Qual é a sua
área de atuação? — perguntei de novo.
Ela arregalou
os olhos. Parece que a pergunta a deixou mais perturbada ainda.
— Hã?
—Perguntei qual
é a sua área de atuação?
Percebi um
relaxamento. O desconforto transformou-se lentamente em sorriso amigável.
— Pensei que
tivesse perguntado qual era a minha orientação.
Rimos juntos e
conversamos mais 14 minutos, afinal eu não era leproso nem inconveniente.
Talvez um pouquinho.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário