24 outubro 2017
A foto que não tirei
Assim que começou o novo governo do Distrito
Federal foram tomadas várias atitudes: exoneração de 17 mil funcionários em cargos
comissionados e de confiança, devolução de 144 imóveis alugados, devolução de
700 automóveis, redução de 30% nos contratos de prestação de serviços, retomada
de diversas áreas invadidas, remoção de placas de propaganda e implosão de três
prédios inacabados.
Nada me afetou diretamente a não ser a
curiosidade em ver ao vivo uma implosão.
A primeira implosão foi num hotel de uns
vinte andares às margens do lago. Eu estava com febre alta e fui proibido pelo
médico de sair de casa. Vi a destruição pela televisão no exato momento em que
o fato ocorria.
A segunda implosão foi em um shopping center
abandonado no centro da cidade. Para evitar prejuízos na área comercial a
implosão foi programada para um domingo. Naquele domingo, sim justamente
naquele domingo, naquela hora, eu tive que buscar minha filha que estava
chegando de viagem. Vi a destruição pela televisão. Em replay.
A terceira implosão estava com dia e hora
marcada. Nada impediria que eu fosse ao local para ver a implosão de outro
shopping abandonado. Esperto, fui ao local com bastante antecedência.
Estacionei longe para não ter problemas com congestionamento na hora de ir
embora. Posicionei-me junto da fita de isolamento, sol pelas costas e montei o
tripé para a máquina fotográfica. Bati meia dúzia de fotos. Com objetiva, sem
objetiva. Maravilha. Quem sabe ainda ganho uns cobres com minhas fotos?
O sol estava forte. Faltavam só uns noventa
minutos. Uma hora antes da explosão, conforme anunciado, tocou uma sirene
alertando a população. Outra sirene tocou quando faltava meia hora. A explosão
seria às dez. Agüentei firme no calor. As pessoas empurrando para se aproximar
do limite imposto pela segurança. E eu ali firme com meu tripé. Comentei com um
fotógrafo profissional, que estava do meu lado, que o vento estava forte e que
a poeira da explosão viria rapidamente em nossa direção.
Virei-me para trás para perguntar as horas
quando ouvi o barulho de uma dezena de explosões. Liguei rapidamente a máquina,
a objetiva se moveu lentamente para frente. Dez segundos depois apertei o
obturador. Fotografei a poeira. Poeira que me cobriu antes da segunda foto.
Odioso novo governador. Bem que poderia ter
me telefonado avisando dez segundos antes da implosão. Minha foto virou pó.
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