25 maio 2015

Noturno do Chile

Noturno do Chile

Roberto Bolaño

Companhia das letras
R$ 30,00
118 páginas


Roberto Bolaño é um autor consagrado. Me animei quando o livro foi sugerido no clube de leitura. Seria uma ótima oportunidade de conhecer um pouco da obra do afamado escritor chileno.
Quando terminei de ler o livro questionei sobre o que era esse livro? Qual foi a mensagem que o escritor quis passar?
Lembrei-me de uma frase de professores de oficina literária: “não é porque você tem uma história que acha superinteressante que isso será um livro interessante."
O autor escreve bem, tem estilo, mas contou uma história sem grandes ações, reviravoltas, suspenses ou emoções. O começo poderia ter sido o meio ou fim. Como o fim poderia ter sido o meio ou o começo. Foi como se alguém entrasse no meu escritório e relatasse o episódio da aventura comprando um sanduíche e um refrigerante e como mastigou 32 vezes antes de engolir.
É lógico que exagerei um pouquinho na falta de emoções.
Noturno do Chile é a história de um escritor chileno e como ele vivencia a literatura. O protagonista e narrador é um padre escritor com bases teóricas sólidas que enxerga com suavidade, sem opinar, sobre a podridão do mundo literário que o cerca. Na amizade sincera que busca num poeta e crítico literário percebe que o crítico é rodeado de poetas que apenas almejam aplausos e elogios. Em outro momento o protagonista frequenta os saraus na casa de uma premiada escritora iniciante. Comenta que a premiação talvez não fosse merecida. Descobre que a autora é esposa de poderosa autoridade da ditatura chilena. O cenário sugere que o prêmio foi resultado de uma homenagem ao marido e não às suas qualidades literárias.
Depois de ter escrito as linhas acima me senti capaz de responder a pergunta que eu mesmo formulei: “sobre o que era esse livro?”
Trata-se da falsidade das pessoas em seus meios. Frente à frente, homens, para não magoar, só elogiam. Lamentavelmente, ninguém aponta os defeitos do outo cara à cara, olho no olho. Apenas de longe são sinceros.
Conforme li na biografia, Bolaño ganhou notoriedade por sua atuação como militante de esquerda. Não me arrependo de ter lido o livro, também não gosto quando os autores inventam de escrever usando um único parágrafo. Entretanto, lendo, sempre se aprende alguma lição. Só não recomendo para que não se perca tempo. Talvez por não conhecer o autor nem estar cara a cara com ele, opino que é uma pena que talvez tenha lido o livro errado de Bolaño. Ele foi ganhador do Prêmio Rómulo Gallegos por seu romance Os detetives Selvagens. Talvez este outro livro merecesse meus aplausos ou será que o prêmio venezuelano também terá sido uma homenagem militante?


 
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