29 março 2016

Absolutamente velho


— Obsoleta?

— Sim, senhor, sua máquina está obsoleta.

— Mas, como? Deixei meu micro aqui e você fez o up grade a menos de um ano!

— Hoje em dia tudo evolui muito rapidamente. Tudo fica ultrapassado em pouco tempo. O senhor precisa trocar a placa mãe. Vai aumentar a velocidade de processamento e a capacidade de armazenamento.

— E quanto custa essa peça? Como é mesmo o nome?

— Placa mãe, ou mother board. Ela é importada, é japonesa. Da melhor qualidade. Custa R$ 700. Eu posso fazer à base de troca. Vou cobrar só R$ 600.

— Mas é quase o preço de um computador novo!

— Justamente, senhor, como eu disse antes, sua máquina está obsoleta e vai ficar nova, com a vantagem de estar totalmente configurada e com todos os programas que precisa e usa.

— Acho que você está confundindo os valores.

— Como assim?

— A máquina está ótima. A sua ética é que está obsoleta.

22 março 2016

Farmácia popular


A minha abstinência sexual passou dos limites suportáveis. Resolvi procurar profissionais para resolver as minhas pendências.

Entrei na farmácia e procurei pelas atendentes. Examinei as três, detalhadamente, uma a uma. Nenhuma delas era atraente. Entre elas, a morena clara era a menos desinteressante com a sua boca carnuda e seios volumosos. Perguntei se elas sempre trabalhavam de jaleco.

Ela fez cara de aspirina vencida e respondeu que sim. Que aquele era o uniforme dos funcionários.

Perguntei se acaso não podia colocar uma roupa mais inspiradora. Uma roupa de coelhinha, quem sabe uma ligazinha como as bailarinas de cancã ou então uma fantasia de enfermeira, mais condizente e apropriada com o local?

Com uma careta de quem tinha tomado uma colher de óleo de fígado de bacalhau, disse que não me dera nenhum motivo para uma investida tão despropositada. Disse que era casada e que o melhor que podia fazer por mim, seria ofertar um laxante cerebral.

O tom de voz atraiu o atendente que estava perto, um negão dos grandes. Observei o mesmo logotipo bordado no bolso superior. Aquele armário de duas portas não me interessava.

A outra atendente de cabelos oxigenados com seu corpinho de fome não resolvida, seria menos ruim. Vi que tinha mãos delicadas e cuidadas. Talvez fosse a principal profissional da farmácia. Imaginei aquelas mãos ágeis atuando em mim!

Perguntei onde era o quartinho para onde ela me levaria. O negão voltou a se aproximar.

Eu não sabia se era por ciúmes da oxigenada ou se era porque estava sendo preterido.

Na voz de tenor perguntou-me com cara de remédio tarja preta.

— Onde você pensa que está, coroa sem vergonha?


— Isso aqui não é uma farmácia de manipulação?

18 março 2016

Rodada de Fogo


Os jogadores profissionais estão enraizados à volta da mesa de pôquer. Ao centro empilham-se cacifes, ouros, blefes, mentiras, disfarces, logros, mentiras.


Ninguém desiste e aumenta a aposta.

Os bolsos dos apostadores estão vazios de respeito, dignidade, cidadania, ética ou lei. Mas duplicam apostas.

Ninguém abdica dos castelos de fichas empoderadas sobre o pano verde e amarelo.

A cada rodada mais o fogo arde.


Que se dane o mundo!

15 março 2016


Orgulho e preconceito
Jane Austen
Editora L&PM
R$ 20,00
400 páginas






Ler Orgulho e preconceito foi receber no rosto um tapa de luvas.
Sem conhecer ou ter conversado a respeito, imaginei tratar-se de um livro menor, chato até, uma historinha para senhoras desocupadas. Meu pré-julgamento, foi errado. Meu pré-conceito falhou. O livro é sensacional, como pode ser menor um livro com 20 milhões de cópias vendidas? Ninguém disse isso para mim! Descobri depois.
Durante a leitura, senti-me uma senhorinha sentada num sofá rodeado de primas solteironas, velhas ociosas e vizinhas mexeriqueiras revelando em detalhes todos os sentimentos que se passam nas relações entre conhecidos. Nada, nenhum gesto ou palavra passa despercebido pelos personagens. Tudo é observado e revelado com inteligência e astúcia pela brilhante escritora. Jane Austen remexe caráter, psicologia e comportamento dos personagens com maestria.
Falando em personagens, adianto que são pelo menos vinte os que se destacam na história. E, felizmente encontrei, antes da leitura, um organograma indicando quem são e quais as relações entre si, facilitando a compreensão.
A história se passa na sociedade do interior da Inglaterra no final dos anos 1700, época em que as mulheres da alta sociedade não trabalhavam – como, a bem da verdade, hoje também não trabalham.
A primeira frase do romance é um resumo bem elaborado do que nos aguarda : “É verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro em posse de boa fortuna deve estar necessitado de esposa.” E se o assunto gira em torno de casamento, é de se esperar uma histórias de amor.
Mrs. Bennet é uma mãe superprotetora, que sabe que o único futuro para as cinco filhas é um bom casamento. A maternidade e superproteção são qualidades que contrastam com a sua falta de percepção e inteligência. O pai, Mr. Bennet, aparentemente num papel menor, acaba se destacando por omissão e pulso fraco.
A segunda filha, Elizabeth e o milionário Fitzwilliam Darcy, ambos solteiros, são os protagonistas. Como em toda de amor os principais personagens precisam vencer obstáculos para alcançar o final desejado. Os obstáculos estão no título do livro: orgulho e preconceito.
Darcy, mimado e cercado por bajuladores de desde a infância é orgulhoso. É surpreendido pela sinceridade de Elizabeth que o pré julgou de forma equivocada a falta de humor do ricaço.
 Além do livro, vi o filme, que apesar dos espetaculares cenários, vestuário de época e atores de primeira grandeza, é apenas uma fraca sombra do livro.

Independentemente da edição que escolher, da mais simples à mais luxuosa, acredito que o organograma e uma pequena biografia dos personagens facilitem a leitura.




Personagens
·         Elizabeth Bennet é a protagonista e o leitor observa os acontecimentos, na verdade, sob o ponto de vista dela. Segunda filha dos Bennet, 21 anos, é inteligente, atraente, alegre e sincera, mas tem uma tendência a julgar as pessoas pelas primeiras impressões e, talvez, selecione algumas dessas impressões como base para seu julgamento. Não leva desaforo pra casa e é tolerável. Elizabeth é mais próxima com seu pai, sua irmã Jane, a tia Mrs. Gardiner e a amiga Charlotte Lucas.
·         Fitzwilliam Darcy é o protagonista masculino. Com 28 anos, solteiro, Darcy é o proprietário da famosa mansão Pemberley, em Derbyshire. Bonito, alto e inteligente, mas socialmente reservado, seu decoro e retidão morais são vistos por muitos como um excessivo orgulho devido ao seu status social. Gosta dos olhos de Elizabeth. Causa uma impressão ruim em estranhos, mas é muito valorizado pelos que o conhecem na intimidade.
·         Mr Bennet mora em Longbourn com a esposa, Mrs Bennet e tem 5 filhas. Um culto e inteligente cavalheiro que não aprova a frivolidade da esposa e das 3 filhas mais novas. Tem um bom relacionamento com as duas filhas mais velhas, Jane e Elizabeth, às quais parece preferir às outras filhas e à esposa.
·         Mrs Bennet é a esposa de Mr Bennet e mãe de Elizabeth e suas irmãs. Frívola, ansiosa, inadequada e pouco inteligente. É suscetível a ataques, tremores e palpitações. Suas maneiras em público causam embaraço em Jane e Elizabeth. Sua filha favorita é a mais jovem, Lydia, a quem tudo permite.
·         Jane Bennet é a mais velha das irmãs Bennet. Tem 23 anos quando a história começa, e é considerada a mais bela jovem do local. Seu caráter contrasta com Elizabeth, pois é doce, reservada, sensível, e, tímida, o que faz com que muitas vezes esconda seus reais sentimentos. Não possui malícia, vê apenas o lado bom das pessoas.
·         Mary Bennet é a mais franca das irmãs Bennet e prefere, ao invés de costura, a leitura; esforça-se para se instruir, mas não tem nem genialidade, nem gosto. No baile em Netherfield, ela constrange sua família ao cantar muito mal.
·         Catherine "Kitty" Bennet é a 4ª irmã Bennet, tem 17 anos, é teimosa e tão tola quanto sua irmã Lydia, e vive à sombra dela.
·         Lydia Bennet é a mais jovem das irmãs Bennet, tem 15 anos. Frívola e teimosa. Socialmente, gosta de flertar com os militares que estão alojados em Meryton. Domina sua irmã Kitty e é defendida, sempre, pela mãe. Após sua fuga e casamento com Wickham, ela não demonstra remorso pelo embaraço que suas ações causaram para a família, Ao contrário, age como se tivesse feito algo maravilhoso, e como se suas irmãs tivessem inveja de sua situação.
·         Charles Bingley é um jovem cavalheiro que aluga uma propriedade em Netherfield, perto de Longbourn, no início da história. Tem 22 anos, é bonito, generoso, forte e contrasta com seu amigo Darcy por ser mais alegre, brincalhão e charmoso, ficando muito popular em Meryton. Bingley é, porém, facilmente influenciável pela opinião das outras pessoas.
·         Caroline Bingley é a irmã esnobe de Charles Bingley. Com intenções de se relacionar com Darcy, ela observa Elizabeth Bennet com muita inveja, e frequentemente dirige sutis ofensas à Elizabeth e família.
·         George Wickham é um antigo conhecido de Darcy, de infância, e um oficial que está alojado perto de Meryton. Carismático, superficialmente charmoso, rapidamente faz amizade com Elizabeth Bennet, e mente vários fatos sobre Darcy, incentivando a impopularidade dele na sociedade local.
·         William Collins, 25 anos, é clérigo e primo e herdeiro de Mr. Bennet, que não tem filhos homens. É descrito como insensível e interesseiro. Se humilha e se submete às ordens de Lady Catherine de Bourgh, a quem serve e venera. Considerado pomposo por Mr Bennet, Jane e Elizabeth, há rejeição de seu pedido de casamento a Elizabeth. Em seguida casa-se com a melhor amiga de Elizabeth, Charlotte..
·         Lady Catherine de Bourgh é uma aristocrata dominadora, poderosa e orgulhosa, que humilha mesmo s que a servem e a rodeiam como o Mr. Collins, que atende todos os seus desejos. Elizabeth não se intimida e a enfrenta.
·         Mr Gardiner é irmão de Mrs Bennet, é um homem de negócios sensível e cavalheiro, que tenta ajudar Lydia quando ela foge com Wickham. Sua esposa tem bom relacionamento e amizade com Elizabeth e Jane. Jane fica se hospeda na casa deles quando vai a Londres. Elizabeth viaja com eles para Derbyshire, quando reencontra Darcy.

Locais
Meryton: Cidade fictícia próxima a Londres e onde está o acampamento dos militares.
Longbourn: casarão dos Bennet, próximo a Meryton. Longbourn sera herdada por Mr. Collins na morte do Mr. Bennet.
Netherfield: mansão de Bingley próxima a Longbourn.
Rosings: mansão de Lady Catherine de Bourgh's na cidade de Hunsford. Mr. Collins reside nas imediações.
Pemberley: palácio de Mr Darcy em Derbyshire.
Hertfordshire: Condado ou estado onde Longbourn, Netherfield, e Meryton estão situados.
Hunsford: cidade onde Lady Catherine e Mr Collins vivem.
Brighton: cidade para onde o acampamento dos soldados se desloca depois de Meryton.
Derbyshire: condado onde está o palácio Pemberley de Mr. Daisy.




08 março 2016

O veado chinês e o pangaré brasileiro

Foi publicado que “Um veado na China está viciado em cerveja. O animal, que vive em um resort em Weihai, na província chinesa de Shandong, começou a beber quando Zhagn Xiangxi, uma das garçonetes do hotel começou a servir-lhe cerveja. De acordo com o Daily Telegraph, ao limpar o restaurante, Zhang achou uma garrafa cheia de cerveja e a serviu ao bicho, que bebeu tudo. Desde então, ela tem servido a bebida ao animal, que agora se alimenta diariamente com duas garrafas da bebida.”

Severino pensou em Troque Totroque, quando viu as imagens na televisão de um veado tomando uma cerveja, de golada, diretamente do gargalo sem desperdiçar uma gota e que ao final, passou a língua como se fosse um guardanapo.
Troque Trotoque era um pangaré que puxara carroças por toda uma vida. Tudo o que sabia aprendera nas ruas. Agora estava velho. Fora aposentado depois que começou a mancar por ter se cortado ao pisar numa lâmina afiada.
Somente um observador, como Severino, perceberia que o cavalo ora mancava com a pata dianteira esquerda e hora com pata dianteira direita. Apesar da pouca cultura, Severino achava que Troque deve ter pertencido à troupe da companhia do Teatro Brasileiro de Comédia, do Paulo Autran, Adolfo Celi e Tônia Carrero. Era um ator de primeira linha.
Severino se dizia proprietário de um quiosque de alimentos e bebidas para transeuntes. Popularmente o barraco era chamado de copo sujo. Vendia pastéis fora do prazo de validade, pães de queijo empedrados, cachaça batizada e cerveja morna. Tudo empoeirado.
Por destino, ambos conviviam no mesmo espaço. Troque, depois que ganhara a liberdade, mastigava o mato seco e o lixo da vizinhança e opinava sinceramente sobre a qualidade do futebol praticado no campinho esburacado estercando sob a trave. O problema é que a qualidade duvidosa das refeições provocava muita sede e a coloração escura da água do córrego não era muito convidativa.
A única forma de beber alguma coisa era se apresentar na parada de ônibus. Fazia embaixadas com uma bola de meia, cuspia fogo ou mostrava a pata ensanguentada. Ganhava umas moedas. Trocava tudo por uma cerveja no boteco do Severino.
Quando estava muito cansado de se exibir reunia-se aos colegas aposentados e jogava damas em uma das mesas metálicas do boteco do Severino. Por ser esperto sempre ganhava o suficiente para pagar a própria bebida.

Depois do noticiário, Severino contou ao amigo panga o que tinha visto na tevê. Troque, que já tinha tomado quatro cervejas, irritou-se muito com a comparação. Em tom provocativo, lembrou que jamais bebeu um copo por conta da casa. Nem uma branquinha sequer. Que nunca, mas nunca mesmo, pendurou qualquer conta. Que era freguês que merecia respeito pela assiduidade e comportamento ilibado. Meteu um coice na placa do FIADO SÓ AMANHÃ. Puxando da faca, completou dizendo que poderia ser chamado de fedido, de maltrapilho, de sujo. Até pinguço. Mas veado, jamais.

01 março 2016

Paris - ano 1000



“Qui habet aures audiendi audiat - Quem tem ouvido para ouvir, ouça.

Patevotrix traduziu estas palavras celtas ao latim e agora as gravava a fogo no couro curtido do cordeiro nada cristão.

Isto foi em Paris a dois meses da virada do primeiro milênio.


Aos treze anos de idade Patevotrix queimou o lado esquerdo da face com óleo fervente. Foi tratado por três anos por um sacerdote com chás e emulsões. Agora, aos noventa e cinco anos, com postura ereta e apenas um olho na carne disforme do rosto, Patevotrix continua nos estudos que o mestre lhe ensinara. Herdou do druida centenas de vidros com os mais variados líquidos e pós. Essências, temperos, ácidos, cristais, cascas, folhas, pelos e tudo que a mente humana puder acondicionar em vidros pequenos, médios ou grandes. Herdou também duas paredes de estantes de escritos com documentos romanos, gregos, celtas, bretões e até papiros egípcios. À luz de vela, lia de tudo: filosofia, medicina, astrologia, botânica, fauna, antropologia...

Entre os manuscritos encontrou a fórmula para a poção da longevidade. Esta ele não traduziu. Desconfiava que a humanidade ainda não estivesse pronta.

“Na segunda noite da lua nova coloque sete cascos de tartarugas brancas bem lavadas no interior de uma ânfora de azeite junto com uma ferradura usada, acrescente pó de raiz de carvalho e um par de olhos de uma coruja da cor do ébano. Deixe fechado por três dias enrolada num lenço de seda vermelha. No quarto dia acrescente uma moeda de ouro. Das grandes. Embrulhe de novo no lenço e guarde sob a terra até a quarta lua cheia. Coe com o lenço vermelho e acrescente uma pitada de almíscar.”

“Tome duas colheres ao dia enquanto tiver lucidez. A primeira quando o sol desperta e a segunda quando a noite adormece o sol.”

O recluso velho de barbas brancas passava o dia em um enorme espaço iluminado por dezenas de tochas. Ele preferia aquele subterrâneo à luz solar. Assim ele não precisava ver os homens e cachorros sarnentos disputando comida nas feiras fétidas às margens do esgoto do rio Sena.

Para ele, aqueles eram os primeiros sinais do fim. Das trevas. Quando o sol e a lua se fundirem num cometa incandescente fagulhando terror.

Patevotrix quase não dormia. Era inquieto e meditabundo. Parecia captar a linguagem dos deuses sussurrada no crepitar da fogueira.

Paris, centro do mundo, fundada por celtas, invadida por romanos que a nominaram Lutécia e depois foi retomada pelos francos e passou a ser Paris. O destino de Paris é ter as ruas cheias de estrangeiros falando línguas estranhas.

Os sinais estão claros para Patevotrix. O papa reinou apenas três anos e faleceu. Escolheram um francês, Gerbert d’Aurillac, que, outrora, durante dois invernos freqüentou as estantes e misturou líquidos junto com Patevotrix. Agora é o Papa Silvestre II. É ele que se entende com o frágil rei dos francos, Roberto II, o Pio. Roberto II é filho de Hugo Capeto, da dinastia dos capetinos.

Patevotrix resmungava baixinho: ninguém me engana – ejudus farinae – são da mesma farinha. Qual deles será o anticristo?

Todos os dias, as palavras encontradas em um manuscrito datado de Lutécia, Anno Domini CCCXIV, martelam seus pensamentos:

“E assim, com o novo milênio, tudo será anulado. Um dia, uma noite... Paris será um apenas o resto de uma enorme fogueira.

O vento dará o sinal. Serão dois dias de vento assobiando a música de satanás. No terceiro dia as árvores serão arrancadas aos céus. O céu as mastigará e vomitará neve de carvão e alcatrão. O dia será noite. As trevas darão lugar aos trovões e relâmpagos que, de tão fortes, iluminarão o interior das casas.  Para amainar o frio, a Terra será rasgada e do ventre brotarão labaredas imensas. No sétimo dia água salgada com cheiro de enxofre tomará as fendas abertas e apagará o fogo. Quando tudo estiver acabado, no silêncio absoluto, a peste sairá em busca das almas sobreviventes. Nem mesmo cadáveres putrefatos escaparão das doenças purulentas.”

Faltava apenas um mês para o novo milênio. Ao entardecer, Patevotrix, pela primeira vez, não tomou uma colher de azeite temperada com almíscar.



Selecionado para edição em 2009 no Prêmio UFF de Literatura pela Universidade Federal Fluminense - Niteroi
 
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