27 fevereiro 2009

Convite para lançamento

Na terça, 3 de março, o restaurante Carpe Diem lançará: Pepino e farofa.

O autor do livro, Roberto Klotz informa que todas as crônicas culinárias do livro Pepino e farofa foram testadas na sua cozinha experimental. Nem sempre aprovadas.

Para agitar a noite do lançamento, convidou estrelas do jet set internacional. Fidel Castro fará breve discurso com as qualidades do livro. Andy Warhol apresentará seu mais novo quadro: a sopa de Pepino e farofa. Amy Winehouse e Maradona, apressados, virão na carreira. Todos confirmados. Tanto que já desembolsou passagens e estadias para o agente da divulgação.


Por enquanto a venda de Pepino e farofa será direta, do autor para o leitor.

O livro custa R$ 28,00 para entregas no Plano Piloto em Brasília.

Para todos os outros lugares do Brasil, com a postagem, custa R$ 30,50

2 exemplares na mesma remessa saem por R$ 59,80

3 exemplares na mesma remessa saem por R$ 89,40

Para saber quem efetuou os depósitos acrescentarei alguns centavos identificando o número do pedido.

Faça seu pedido através do e-mail r-klotz@uol.com.br, fornecendo a quantidade desejada, o endereço para a entrega e nome para a dedicatória, se desejar.

Retornarei informando o valor exato e fornecendo conta corrente do BB para crédito bancário.


21 fevereiro 2009

Pepino e farofa - lançamento

No dia 3 de março o Carpe Diem oferecerá um cardápio inusitado: Pepino e farofa.
Pepino e farofa é um livro de crônicas culinárias resultante da inexperiência de 50 anos no comando de um fogão. O bem humorado autor, Roberto Klotz, agendou aviões para cruzar os céus de Brasília com faixas convite para o lançamento. Reservou o Píer 21 para Gisele Bündchen desfilar trajando uma sumária capa do livro. Comprometeu trios elétricos para Ivete Sangalo cantar a música composta especialmente para o livro. O agente literário sumiu com a grana e só restou convidar por e-mail.

Por enquanto a venda de Pepino e farofa será direta, do autor para o leitor.
O livro custa R$ 28,00 para entregas no Plano Piloto em Brasília.
Para todos os outros lugares do Brasil, com a postagem, custa R$ 30,50
2 exemplares na mesma remessa saem por R$ 59,80
3 exemplares na mesma remessa saem por R$ 89,40
Para saber quem efetuou os depósitos acrescentarei alguns centavos identificando o número do pedido.
Faça seu pedido através do e-mail r-klotz@uol.com.br, fornecendo a quantidade desejada, o endereço para a entrega e nome para a dedicatória, se desejar.
Retornarei informando o valor exato e fornecendo conta corrente do BB para crédito bancário

Operação Valquíria

Participei de um desafio onde devia, semanalmente, produzir um texto com tema definido. Coube-me escrever sobre as circunstâncias que levaram Claus Schenk von Stauffenberg, em Berlin no dia 19 de julho de 1944, a prever as conseqüências para a permanência de Hitler no poder e que o fizeram aceitar a missão que executaria no dia seguinte.

Nos cinemas de todo o mundo Tom Cruise interpreta Claus Schenk von Stauffenberg, oficial alemão que colocou uma bomba aos pés do Führer no maior atentado contra o ditador. Em 2007, escrevi como teria sido o dia do oficial alemão na véspera do famoso atentado.

(conto escolhido)




Valquíria



Era a noite do dia 19 de julho de 1944. Em Berlim, no seu alojamento solitário, o coronel alemão Claus Schenk von Stauffenberg repassava informações e o plano para colocar uma bomba no bunker de Adolph Hitler no dia seguinte.

Von Stauffenberg caminhava nervosamente de um canto ao outro do quarto e revivia a angústia da reunião de dissidentes do alto comando ocorrida há vinte dias. Naquela tarde ficara claro para todos os oficiais que a partir da invasão da Normandia, o Dia D, a guerra estava perdida. Seria apenas uma questão de tempo para que a Alemanha fosse arrasada e humilhada. Os aliados, entre si, acertaram, no tratado de Teerã, que só interessava a rendição incondicional da Alemanha nazista. Desta forma não havia nenhuma possibilidade de acordo de paz em separado. Mas, para evitar que a Alemanha fosse invadida e subjugada pelos bárbaros russos, seria necessário um pacto com os americanos e ingleses. A solução seria a eliminação do Führer e a neutralização da poderosa SS. O grupo resolveu se opor justamente ao lema da SS – Schutzstaffel[1] – “Minha honra é a lealdade”.

Von Staffenberg pegara sua caderneta e relera as palavras do General Ludwig Beck "A obediência de um soldado encontra seus limites onde seu conhecimento, sua consciência e sua responsabilidade proíbem-no de obedecer ordens" O coronel alemão sabia que estas palavras, se lidas por alguém da SS, significariam a própria morte. Deu um sorriso de leve e questionou qual seria a sua condenação após o atentado. Achou que não precisava se preocupar com anotações e concentrou pensamentos na ação.

A decisão está tomada. Amanhã, bem cedo, pego o avião e pouso por volta das dez horas em Rastenburg. O motorista estará me esperando para percorrer os seis quilômetros de poeira até a Toca do Lobo[2].

A reunião do alto comando está prevista para meio-dia. Às onze e meia faço um lanche rápido junto com meu ajudante de ordens, tenente von Häften, confirmo o horário da reunião, peço licença para trocar a camisa empoeirada com a ajuda de von Häften. Todos sabem que preciso de ajuda desde que perdi meu braço direito e ainda dois dedos da mão esquerda. Von Häften engatilhará as duas bombas quebrando a cápsula de ácido que dissolve o fio que retém a bomba. O petardo explodirá ente dez e vinte minutos depois. Terei apenas cinco minutos para posicionar a valise sob a mesa e sair. Não há como desarmá-las. Estarei na sala de reuniões e von Häften me chamará para atender um telefonema urgente. Sairemos juntos, passaremos pelo alojamento e pegaremos o carro para ir até a pista de Wilhelmsdorf, de onde voarei para Berlim para ir ao Ministério da Guerra participar do levante contra o governo. Estará realizada a operação Valquíria[3].

Já se passaram dois anos, quando eu estava com Rommel no norte da África ouvindo as últimas notícias vindas da Alemanha. Eu pouco conhecia o glorioso marechal-de-campo Erwin Rommel, a Raposa do Deserto,

“Hoje a polícia prendeu o judeu Davi Stern que convidou crianças a lamber chocolate numa chapa de ferro congelada. As crianças foram atraídas pelo doce e numa armadilha infernal ficaram grudadas pela língua molhada. Essas três inocentes crianças foram mutiladas gratuitamente por um ser desprezível que gargalhava de prazer ao ouvir os gritos do desespero infantil.”

– Schweinehund! – porco imundo – berrou Rommel desligando o rádio. – Maldito Heydrich! É insuportável esta maldita e mentirosa propaganda anti-semita. Este cachorro safado vive criando falsas histórias para colocar os alemães e o mundo contra os judeus.

Fiquei nervoso e balançei a cabeça negativamente, Rommel em vez de ficar chocado com a crueldade do judeu, xingara o número dois da SS. Rommel, um homem frio e calculista, externara sua opinião para mim, um quase desconhecido, e, percebendo meus olhos arregalados, resolveu argumentar para fundamentar sua opinião.

– Sabe Claus, eu acreditei e lutei pela nossa Alemanha durante todo este tempo até que descobri que Goebbels, nosso ilustre ministro da propaganda, que vive alardeando grandes vitórias e conquistas, é um grande mentiroso. Minhas vitórias no deserto, de acordo com a língua de Goebbels, foram estrondosas, foram épicas! Passei a ser um herói imbatível e um orgulho para a raça ariana, quando na verdade eu dispunha apenas de equipamento melhor, e, modéstia à parte, um pouco de esperteza. Goebbels exaltava os alemães enquanto a verdadeira função de Heydrich, no serviço secreto, era criar boatos para desestabilizar os inimigos e fazer o mundo acreditar que os judeus eram o demônio na face da terra.

– Mas está provado cientificamente, meu comandante, que somos uma raça superior...

– Haha! Os cientistas foram contratados pelo Führer. Você ainda se lembra da Noite dos Cristais?

– Como alguém pode se esquecer daquele inverno de 38?

– Aposto que você ficou chocado quando aquele moleque judeu assassinou com requintes de crueldade nosso diplomata, não é mesmo?

– Eu e toda a Alemanha.

– O judeu nunca existiu. Foi a SS que eliminou um idiota incompetente, botou a culpa no judeu, depois colocou um monte de militares à paisana para empurrar a população incentivada pelo rádio. O resultado foi uma centena de judeus mortos, dúzias de sinagogas queimadas e a depredação do comércio judeu em toda Alemanha. – Rommel exibiu um sorriso irônico e continuou – O vidro quebrado das vitrines serviu apenas para criar um nome poético: Noite dos Cristais. – Das war der Anfang, mein Freund. – este foi o começo, meu amigo.

– Eu estou pasmo, meu marechal. Mas como o senhor me explica aquele discurso do Goebbels no ano passado, lá no Palácio dos Esportes? Goebbels perguntou para o povo se queriam a guerra total e catorze mil vozes animadas disseram sim e depois repetiram que sim.

– Mentiras! O discurso foi uma encenação gravada para transmissão por rádio e para os cinemas. Depois da derrota em Stalingrado, a intenção era entusiasmar os ouvintes e principalmente recuperar o moral dos soldados nas frentes de batalha, por isso, Goebbels referiu-se ao apoio da platéia presente, com uma centena de vaquinhas amestradas infiltradas – ressaltou – como sendo uma amostra da sociedade em seu todo. Todos ficaram empolgados por conta de uma farsa, de uma mentira. Todos mentem, todos mentem. O discurso foi gravado durante a semana e no estádio só houve encenação, teatro. – Alle lügen – Todos mentem.

Naquele fim de tarde meus olhos foram arregaçados para alguma coisa que eu já enxergara e em que não ousara crer. Em pouco tempo descobri que havia outros oficiais descontentes com a condução do governo da nossa Alemanha.

Jamais passou pela minha cabeça o assassinato do Führer. Jamais passou pela minha cabeça que eu seria o assassino do Führer. No mundo ninguém tem noção do que está acontecendo, nem os alemães, nem os nossos inimigos. A solução deve vir por aqueles que sabem. Pelos meus filhos e pelo futuro da Alemanha, estamos certos. Farei o que deve ser feito.

Já são quase dez horas da noite, toda a Alemanha canta junto com Marlene Dietrich a bela canção “Lili Marlene” antes do encerramento das transmissões radiofônicas.

Von Stauffenberg abre sua caderneta e com um lápis anota:

Fizemos o exame de consciência diante de Deus e a ação deve se realizar, pois este homem é a encarnação do mal. Queremos uma nova ordem, que faça todos os alemães portadores do Estado e que lhes garanta Direito e Justiça. Se tiver sucesso, serei considerado traidor de minha pátria; se falhar, me considerarei traidor de minha própria consciência.

As luzes do quartel são apagadas.





[1] A Schutzstaffel – escudo de proteção – ou SS, foi uma organização paramilitar ligada ao partido nazista

[2] Toca do Lobo – Wolfschanze – o QG de Hitler em Rastenburg, na Prússia Oriental.

[3] A Valquíria, é o título da ópera de Richard Wagner - segunda parte da tetralogia “O Anel do Nibelungo”.





O desfecho do atentado

A reunião foi transferida na última hora do bunker para um barraco de madeira. O bunker por ser de concreto armado teria os efeitos da bomba multiplicados.

A reunião também foi antecipada em meia hora assim, o mutilado von Stauffenberg conseguiu ativar apenas um dos dois explosivos previstos.

A bomba colocada sob a mesa, a meio metro de Hitler, foi afastada por um general que ficou incomodado com a presença da maleta.

A explosão matou quatro e feriu outras onze pessoas, mas não foi o suficiente para matar o ditador.

Von Stauffenberg foi preso e executado no dia seguinte.

Hitler ordenou vingança implacável a Himmler, chefe da SS. Consequentemente foram mortos quase 5.000 pessoas.

O herói Rommel foi convidado a se suicidar. O atentado foi previsto por Nostradamus.


Tom Cruise interpreta o alemão nas telas do cinema em filme homônimo a este conto.

16 fevereiro 2009

Assassinato na Avenida Paulista



Exercício proposto pelo Prof. Marco Antunes na oficina literária da Câmara dos Deputados: Conte-nos como, onde e quem matou Adelaide Santoro numa história de suspense que não pode ter mais que dez linhas.

Era tarde, por volta das oito horas da noite. Antes de sair tranquei os arquivos e levei um café para a doutora Adelaide Santoro. Ela estava pálida, estranha. Perguntei se ela estava bem. Agitada, estalava os dedos e olhou duas vezes para o enorme relógio da parede. Jamais tive liberdades com a doutora, mesmo assim ainda perguntei se ela queria desabafar comigo. Respondeu-me que não, que eu poderia ir embora e que já havia chamado um táxi para levá-la para casa. Todos nós, do escritório, sabíamos que o doutor Santoro guardava um revólver na gaveta direita da escrivaninha. Tenho certeza que não havia mais ninguém nas salas. Todos já haviam saído. Juro que não fui eu quem matou a Doutora Adelaide Santoro.

12 fevereiro 2009

Bebedouros

Uma imagem vale mais que cem palavras?
Este foi o exercício proposto na oficina literária da Câmara dos Deputados
Descrever a imagem, não o seu conteúdo, em exatas cem palavras. Tempo 15 minutos.

Do lado esquerdo há um bebedouro metálico. Embutidos um filtro e uma serpentina para gelar a água. O usuário tem um botão para acionar o esguicho.
Do lado direito, outro bebedouro. Este em porcelana branca. Ambos são alimentados pela mesma água.
Um tem a tubulação escondida enquanto o outro tem a tubulação oxidada aparente.
No de louça há um homem de calça escura, camisa branca e chapéu. A imagem remete aos anos 50 nos Estados Unidos. Não pelos bebedouros, nem pelo chapéu do homem sedento. E sim, pelas placas sobre os bebedouros: na direita lê-se colored e na esquerda white.


* A fotografia é de Elliott Erwitt, tirada em 1950, na Carolina do Norte

05 fevereiro 2009

Trema em único ato


Jamais pensei que um texto, é de novembro de 2005,
pudesse caducar em tão pouco tempo.
Trata-se de um diálogo, jamais havido, com a mais afamada
defensora da língua portuguesa no Centro-Oeste, Dad Squarisi.


Klotz: – Escrevi a palavra liqüidificador e o corretor ortográfico corrigiu para liquidificador. Eu já li em algum lugar que o trema ainda não teve Lei Áurea.
Dad (assente com gesto suave).
Klotz (curioso): – Consultei o Aurélio eletrônico e ele oferece as duas possibilidades. Procurei trema no índice do Manual de Redação e não encontrei. Abri à página 74 de Mais Dicas da Dad e encontrei grifado em amarelo: “Não se iluda. O trema continua vivinho da silva”.
Dad (assente com a cabeça mais uma vez esboçando sorriso).
Klotz: Consulta ao Houaiss eletrônico e verifica que este concorda com o Aurélio.
Klotz (faz cara de interrogação): – Tenho certeza que Dad está certa. Por que Aurélio e Houaiss estão errados oferecendo duas opções?
Dad (recolhe o sorriso e franze a testa com reprovação delicada).
Klotz (intrigado): Volta à página 74 e continua leitura: “usa-se nos dígrafos gu e qu seguidos de e ou i.”
Klotz (em voz alta): – LI-QÜI-DI-FI-CA-DOR. Se eu pronuncio a letra u e esta é seguida de i, então LI-QÜI-DI-FI-CA-DOR tem trema.
Dad (a testa volta a ficar lisinha, sorriso só com os olhos).
Klotz (confuso): Retorna ao Aurélio e relê: liquidificador sem trema.
Dad (com olhar didático sugere voltar à página 74).
Klotz (lê em voz alta final da nota, e comenta): – “O u deve ser pronunciado”. Pois é, eu pronuncio!
Dad (sem dizer palavra sugere que eu repita o que eu acabei de dizer).
Klotz: – Pois é, EU pronuncio!
Klotz (silencia, reflete e externa): – E há outros que não pronunciam. Líquido, liquidificador.
Klotz (alegre com enorme sorriso): – É líquido e certo que você sabe das coisas. E sabe explicar. Mais uma vez, obrigado!
Dad (abre largo sorriso e diz): – Fique tranqüilo, são questões da lingüística. Você é que é gentil.
 
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