19 julho 2007

Ausência


Sou a secretária eletrônica do blog do Klotz.

Ele viajou e só retorna em agosto.

Por favor, deixe seu comentário, elogio ou esculhambação.






Cu acentuado


Sou orkutiano e naquelas bandas participo de uma comunidade Bar dos Escritores. Há vários participantes que realmente dominam o riscado. Entretanto há outros que escrevem uns testos ezquizitos. Vários escrevem palavrões e consideram questão de postura, de atitude. Ou contestação.

Cu deixou de ser obsceno há duas décadas ou mais. Só é obsceno quando é acentuado.
Depois de ler outra obscenidade escrevi este besteirol.

"Esta comunidade já teve homéricas discussões à respeito do cu acentuado.
Um amigo falou do cu rosado e do cu sujo. Se fosse acentuado seria cúpreo.
Só o mulo leva acento no cu. Isto, quando o cu vai na frente. É o cúmulo.
A alta casta da igreja também é a favor do cu acentuado. É a cúria.
Quem tem dado sabe que cu gosta de acento. É o cúbico.
Quem está de acordo em levar acento no cu é cúmplice.
Há pessoas que não concordam e acham que cu deve receber acento sim. E ficam decúbito.
Mesmo sem acento, pode-se, com o cu, tomar assento."

15 julho 2007

Mulher dura na queda

Dei flores perfumadas,
abri portas,
puxei cadeiras aveludadas.
Ofereci chocolate quente.
Preparei banquete.
Fiz poesia, declamei.
Negativou com a cabeça.
Deixou-me sem sentidos.
Apelei.
Cochichei que o deputado foi processado.
Que o governador foi obrigado a devolver o dinheiro.
Que o presidente demitiu seis ministros.
E renunciou.
Fui beijado, na boca.
Faz sentido.
※ ※ ※ ※ ※
Quadro “A diva no divã” de Rosiane

12 julho 2007

Manchete

Bandido estupra e mata anciã. Traficante vende, não entrega e esfaqueia. Parou no sinal e perdeu o carro. Pivete chapado mata por um relógio quebrado. Pedreiro faz sexo com nenê da vizinha. Mais uma rebelião no presídio. São manchetes diárias dos nossos jornais. Na verdade não são manchetes, são apenas chamativos das páginas internas do jornal. Às primeiras páginas cabem as verdadeiras notícias de destaque: política, economia e esporte. Os fatos corriqueiros de morte e violência, de tão comuns ficam com as páginas centrais. Os acontecimentos só recebem relevo quando o algoz ou a vítima são pessoas de notório destaque. Se o seqüestrado for apenas rico não receberá sequer uma linha dos jornais.
É a banalização da morte, a vulgarização do crime. É o cotidiano. Ninguém mais se importa.
Os presídios estão superlotados, os policiais não têm formação, os processos percorrem um lento e burocrático caminho, as leis estão obsoletas e se contradizem, sempre há mais uma instância a ser recorrida, a corrupção atinge até juízes. As estatísticas informam que menos de 20% dos criminosos acabam condenados e destes, menos de 15% cumprem toda a pena.
O bandido tem a certeza da impunidade. Ao cidadão cabe esperar apenas pela justiça divina. Ao perceber à sua volta um rastro de terrores ela passa a desejar a morte do malfeitor. A morte preferencialmente em julgamento sumário e execução em praça pública.
Se não houver uma reviravolta em todo sistema, breve tornaremos à Idade Média e teremos como manchete: Povo brasileiro exige pena de morte.

04 julho 2007

Girafa barulhenta


Caminhar sempre é bom. Acompanhado é melhor. E quando a companhia é agradável, é o máximo. Tenho uma vizinha que gosta de caminhar comigo.
Infelizmente a velocidade dela é devagarzinho. Bem devagarzinho, para poder
falar bastante. Ela é muito alegre, extrovertida e perguntadeira. Bem típico da idade. Eu que não tenho nenhum neto, a princípio fiquei incomodado com esse negócio de me chamar de Vô. Mas é uma menina muito fofinha. Demorei a me acostumar, agora até gosto de ser chamado vovô. Quando ganho beijo lambuzado nem reclamo.
Hoje ela me contou que já sabe o que o irmãozinho vai ganhar de aniversário, mas que não vai me contar porque a mãe disse que era segredo.
Depois ela cantou a musiquinha da escola.
Meu lanchinho, meu lanchinho
vou comer, vou comer
pra ficar fortinho, pra ficar fortinho
e crescer e crescer.
E aí, sem mais nem menos ela perguntou se era verdade que as girafas não faziam barulho.
Eu não sabia se aquilo era uma piada, pegadinha ou era uma demonstração de conhecimento.
– Quem te disse isso?
– A tia. Ela disse que os cachorros latem, que os gatos miam, que os passarinhos piam, mas que as girafas não falam. As coitadas não fazem nenhum barulho.
Percebi os olhos tristes da menina com pena da girafa.
– As girafas fazem barulho sim. Você precisa ouvir como é alto o pum da girafa.
A menina deu uma risada e eu continuei.
– Silenciosas são as borboletas. Ou você já ouviu as borboletas batendo papo e fazendo algazarra?
Antes que ela respondesse continuei:
– Fale para sua tia que o único bicho que não fala é o criado-mudo.
Ganhei um delicioso beijo e ela saiu correndo.
 
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