20 outubro 2010

Feliz aniversário, rainha

“Em tempos de austeridade econômica, a rainha Elizabeth II cancelou a festa de Natal que oferece a cada dois anos para os funcionários do Palácio de Buckingham. A comemoração, marcada para 13 de dezembro, permite que os cerca de 600 empregados confraternizem com a família real em uma situação mais informal.” CB – Mundo 15/10/2010.

Era uma vez um castelo onde vivia um rei muito bonzinho. A sua esposa, a rainha, era muito má. Sempre que ia a um aniversário de criança estourava os balões assim que chegava. Não satisfeita, mesmo antes da hora de cantar o parabéns comia vários brigadeiros. Só a convidavam por retribuição às festas que Sua Alteza promovia. E o rei gostava de festança.
Quase todos os meses a majestade inventava motivo para festejar. Na chegada da primavera todos os convidados recebiam flores e o castelo ficava perfumado. Na Páscoa, crianças e adultos procuravam ovos de chocolate escondidos nos jardins do palácio. No verão o rei permitia que tomassem banho no lago que ficava ao redor do castelo. Os empregados levavam as crianças para andar nos pedalinhos. Garçons ofereciam cerveja para os homens, fatias de bolo para as mulheres e taças de sorvete de chocolate para a criançada. Às vezes o rei inventava corrida de bicicleta. Outras, fazia concurso para ver quem pintava o quadro mais bonito. Havia jogo de futebol, gente pulando corda ou brincando de bambolê.
A rainha era a maior estraga prazeres sempre estava de mau humor e resmungava muito. Quando uma criança barulhenta estava por perto acertava uma bengalada na cabeça.
Numa tarde quando os pais e seus filhos empinavam pipas a rainha apareceu com uma enorme tesoura na mão. Foi um deus-nos-acuda. Ela corria com a tesoura na mão abrindo e fechando as lâminas de forma ameaçadora. Parecia uma bruxa. Antes que conseguissem recolher a pipa a tesoura cortava a linha. Era choro de um lado e gargalhada do outro.
O rei adorava crianças, mas não teve nenhum filho para chamá-lo de príncipe herdeiro por isso fazia grandes noites de Natal. Ele mesmo vestia uma roupa vermelha, colocava uma barba de algodão e distribuía bolas, bicicletas e bonecas. Muitos presentes. Presentes para todos os pequenos do reino. Nestas noites a rainha sempre ficava emburrada e atrapalhava o coro ao cantar Noite feliz. Precisava acabar com a alegria.
Um dia reuniu-se com o ministro das finanças, alegou excesso de despesas. Para cortar gastos decretou o fim do Natal.
Toda a população ficou muito triste. Adeus peru e pernil. Adeus vinho e refrigerante. Adeus panetone e rabanadas reais. Adeus presentes. Adeus alegria e confraternização.
Mas o rei que era muito esperto e gostava de festas não se deixou abater. Dois dias depois mandou publicar outra lei que dizia que a partir da publicação a rainha faria aniversário todos os meses. Assim festejou muitas vezes o rápido envelhecimento da rainha que logo logo foi para o beleléu.
E o reino voltou a ser feliz para sempre.
Moral da história: quem com festa fere com festa será ferido.


Conto infantil não publicado na Folha nem no Estadão. Tampouco no Zero Hora ou Correio Braziliense. Poderia ter sido no Estado de Minas ou no Globo. Por enquanto só no blog.
Décimo primeiro publicado semanalmente, sempre às quartas, com tamanho pré determinado de caracteres e provocação resultante de artigo publicado no Correio Braziliense. Mostro o trabalho visando convite remunerado para ser colunista em grande jornal.





Imagem: Castelo de Mespelbrunn

3 comentários:

Giovani Iemini disse...

muito bom.
este projeto é inteligentíssimo.

se quiser auxílio, já sabe.

[]s

Glauber vieira disse...

Bom texto, realmente prende a atenção do início ao fim.

Klotz disse...

Obrigado, Giovani.

Realmente acredito que surja algum fruto do projeto.
Responsáveis de dois jornais fizeram contato.

Obrigado, Glauber.
O incentivo de leitores é motiva a continuação.

 
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