18 maio 2011
A guerra das águas
A água mineral líder de mercado na França percorre um caminho de 10 anos entre rochas vulcânicas até ficar bem pura. Mas apareceu um forte concorrente: a água dos icebergs. Os mais jovens têm cerca de 10 mil anos. Os pedaços de gelo são derretidos e engarrafados. O produto da concorrência virou moda entre as famílias ricas da Califórnia e o preço faz jus ao público: chega a custar US$10 a garrafa. – CB, Você sabia, 16/05/2011.
A notícia chegou aos ouvidos de Antonio Carlos, um empresário brasileiro prestes a lançar um revolucionário filtro d’água no mercado mundial. O que fazer contra essa concorrência inesperada?
Nem precisou fazer nada.
A guerra foi iniciada pelos franceses que alegaram que a água dos icebergs provavelmente teria restos de urina de animais polares.
Os americanos, que financiam o projeto de exploração do pessoal da Groenlândia, sentiram-se ofendidos nos brios. Reuniram uma tropa de agentes comerciais e foram ao Pentágono pedir permissão para o revide.
Os generais americanos, auto-proclamados defensores da justiça mundial, em primeiro lugar afirmaram que quando se trata de ofensa à soberania americana não é necessária permissão para a retaliação. Em seguida questionaram se a língua estranha dos franceses era árabe. Com a resposta negativa, perguntaram se o território francês ficava no Oriente Médio. Os comerciantes abriram mapas para consulta antes de afirmar categoricamente que não encontraram a França próxima ao Irã, Iraque, Paquistão, Arábia Saudita, Kuwait ou Venezuela. Os generais se entreolharam. Ainda havia uma questão fundamental em aberto. E em caso positivo, apontariam os mísseis na direção da capital do país ainda naquela noite.
- Aquela torre enorme é para a exploração de petróleo?
Se não havia petróleo na questão então a ofensa era menor.
Antonio Carlos acompanhou tudo, bem de pertinho, graças a um agente triplo infiltrado na SIA e no DGSE (Direction Générale de la Sécurité Extérieure), o Serviço Secreto Francês. Sentiu firmeza. Os yankees não jogariam bombas nos galegos, e estes sequer arremessariam suflês nos yankees.
Em vez de combater com pistola d’água. O empresário brasileiro poderia lançar uma ofensiva sem medo. Precisaria encontrar uma forma de detonar com o marketing e a grife das garrafinhas internacionais.
Nem precisou pesquisar muito. O seu filho quando soube como eram as águas dos estrangeiros esboçou cara de nojo e emitiu um sonoro: – Eca! A partir dali as idéias caíram em cascata folheando os jornais da cidade. Encontrou uma campanha pronta para condenar a água filtrada no processo de 10 anos e também a água congelada há 10 mil anos. Colocaria água na fervura dos concorrentes internacionais.
Começaria dizendo que a água vem da Cidade Maravilhosa. Lugar de alegria e carnaval. A palavra Rio tem origem no verbo rir, na felicidade de viver e traz consigo o movimento e a ginga da corrente de água. Por outro lado, diria, nada sutilmente, que quem gosta de água parada é o mosquito da dengue.
Outra pérola que brotou de matéria publicada em jornal. – Correio Braziliense – Sempre às quartas-feiras antes das 18, com tamanho predeterminado um texto, como se fosse uma coluna de jornal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Maravilhoso! O Melhor que já li no blog. Parabéns!
Obrigado, Daniel. Leitores qualificados sempre são bem-vindos.
o final foi totalmente Irônico, amei, simplesmente cômico. A sua imagem que vem na minha mente é de um homem que gosta de ver o lado positivo da vida ;D
Sou otimista, sim. Procuro e encontro o lado positivo da vida.
Hehehe - gosto de provocar o leitor com finais inusitados. Obrigado.
Postar um comentário