18 fevereiro 2012

E foram todos para Paris


E FORAM TODOS
PARA
PARIS

Autor: Sérgio Augusto
Editora Casa da Palavra

128 páginas

Preço: uns R$ 32,00





Às vésperas de uma viagem ganhei o livro auto-intitulado guia de viagem a Paris com uma capa que provoca nostalgia.

Quando preciso registrar a profissão em algum documento, costumo anotar escritor. Eu já me assumi este papel. Penso, vivo a escrita. Nas minhas veias correm letras. Até consigo salvar uns trocados com a atividade. Desta forma, quem me rodeia imagina, com certa razão que os meus deuses sejam os escritores consagrados. Deuses não. Talvez ídolos? Um pouco menos. Tenho admiração e respeito. Só.

O livro é muito interessante. É um guia que aponta detalhadamente todas as esquinas onde escritores e artistas se encontraram. Ensina e indica os restaurantes freqüentados pela boêmia. Indica quartos de hotéis onde o mundo e o submundo ferveram em Paris. Cita o nome, o sobrenome e muitas vezes até a data em que os figurões ali estiveram. Genial.

Pena não contar o que fizeram naqueles lugares. Eu prefiria ter sabido quais os sabores experimentados por Oscar Wilde nos restaurantes. Eu Teria mais prazer em saber o quê Isadora Duncan conversou num café. Seria maravilhoso saber o nome da companhia e qual vinho Cole Porter tomava ao compor mais uma das odes a Paris. Para mim, o endereço dos hotéis seria mais atraente se viesse acompanhado com as informações dos nomes das duplas ou triplas que revolveram os lençóis.

Uma das poucas histórias, diga-se de passagem, hilária, está no começo do livro:

“As pegadas de Hemingway e seus cupinchas permanecem indeléveis aqui e acolá, nas duas margens do Sena, mas só os cognoscenti saberão reconhecer na galeria de arte que há tempos ocupa o n.o 29 da rue dês Saints-Pères o velho bistrô Michaud’s, que eu já peguei transformado na bresserie L’Escorailles. Foi lá, em seus tempos de bistrô, que ocorreu um dos episódios mais pitorescos da amizade Tom & Jerry entre Hemingway e Fitzgerald. Trocavam os dois intimidades quando Fitzgerald se queixou de que Zelda vivia a fazer pouco das dimensões de seu membro viril. “Você acha que eu tenho pau pequeno?”, perguntou Fitzgerald ao amigo. “Não sei, só vendo”, respondeu Hemingway, que sugeriu uma conferida. Ao exibir o seu músculo da alegria, no banheiro do Michaud’s, Fitzgerald foi contemplado pelo amigo com esse primor de ambigüidade: “Olha, meu caro, fique sabendo que seu pau é do tamanho do seu talento literário.”

O guia é fantástico para quem tem algum escritor como Deus ou então para quem mora ou já foi a Paris vinte vezes. Só neste ano.

Reconheço que o Sérgio Augusto fez uma pesquisa e compilação sensacional. Que o livro é muito bem escrito, instrutivo e cult. Porém, para um simples mortal como eu, que vai pela primeira vez a Paris, é de uma inutilidade quase total.

2 comentários:

Giovani Iemini disse...

hehehe, queria que meu pau fosse tão grande quanto ego da maioria dos escritores do mundo.

Klotz disse...

São raros os homens que manifestam publicamente o decontentamento com o próprio tamanho peniano.

 
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