15 janeiro 2013

Diálogos impossíveis



Luis Fernando Verissimo

Gastei 33 reais

Editora Objetiva

176 páginas



Comprei o livro após degustar uma crônica – Albert Speer fala com as flores – na livraria. Genial! No dia em que Verissimo escreveu o texto estava inspiradíssimo.

Livro comprado.

Reparei a capa? Voltei e olhei as duas latas amarradas pelos fundos com um longo barbante formando o infantil brinquedo do telefone com fio. O barbante sempre precisa estar esticado, não é o que acontece com o desenho da capa, impossibilitando diálogos.

Ler Luis Fernando Verissimo sempre é muito bom. Sou fã dele há muito tempo. Tanto insisti que tenho o privilégio de uma orelha escrita por ele no meu livro Cara de crachá.

Ainda me lembro de meu Outras do analista de Bagé de capa amarela que eu li várias e várias vezes na década de 70. Apesar de maravilhoso, dentro do livro havia muitas histórias, embora boas, que não eram do Analista. Aquilo me incomodava. Eu queria do protagonista, não outras. Embora o título dissesse outras.

Da mesma forma que em Ed Mort, e Analista de Bagé, em Diálogos impossíveis acontece a mesma coisa. Há histórias que não “fecham” com o título do livro. Há vários diálogos. Muitos maravilhosos, mas são outros. Outros diálogos. Outros diálogos que nada tem de impossíveis. Talvez imprevistos, bem humorados, irônicos ou inesperados. Ótimos. Mas outros.

Porque eu estou pegando no pé do Veríssimo, meu ídolo e mestre? Talvez seja a idade. Não a dele. A minha idade. Devo estar ranzinza.

O primeiro conto chama-se A diferença. Não foi a toa que os editores o escolheram para a abertura. A genialidade do autor está presente com o humor, com a criatividade, com a leveza, com a escolha das palavras, com a rica percepção que tem do que nos cerca e com o final inesperado. Dez!

Os editores também capricharam na escolha do segundo e terceiro conto. Valeram os muitos reais da aquisição. No quarto conto não há diálogos. A história é muito engraçada, impossível, mas foge do título.

Neste livro eu percebi um Verissimo doce capaz de suplantar qualquer poeta quando Don Juan procura seduzir a Dona Morte:

“– E com você não precisei usar nenhum dos meus truques. Nem meu olhar de desatar espartilhos, nem os versos que orvalham o portal do amor antes mesmo do primeiro toque...”

Será que é preciso dizer mais alguma coisa?

Ok. Direi.

– Vá. Compre e leia logo. É imperdível.

3 comentários:

Angela Ottoni Delgado disse...

Vou comprar, obrigada. E também "Pepino & Farofa", se a chuva não me segurar hoje em casa...

Carlos Cruz disse...

tive mais sorte que Vossa Magnificência, Mr. Klotz: ganhei o livro do meu amigo oculto, mais precisamente na noite do dia 25/12, quando ele, enfim, se revelou sem trocadilhos. na do dia 26, já o tinha devida, sôfrega e sorridentemente devorado. adoro o bom humor e a inteligência das crônicas do veríssimo; tanto que elegi as que ele publica nO Globo como objeto de um trabalho quando estava na faculdade. puta livro! puta crônica-resenha!

Klotz disse...

Obrigado pela visita, caro CC.
Eu desconhecia essa sua "idolatria " pelo nosso mestre. Adoraria que as crônicas dele estivessem no jornal brasiliense que eu assino. Seria como um comprimido de alegria diariamente.

 
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