05 janeiro 2015

Reprodução


REPRODUÇÃO
BERNARDO CARVALHO

Editora Companhia das Letras

167 páginas

R$ 37,00

Prêmio Jabuti: melhor romance de 2014




O prêmio foi o motivador para a indicação do livro para o nosso Clube de Leitura. Ainda não fizemos a nossa reunião por isso desconheço a opinião dos outros leitores do grupo. Acredito que será uma das raras reuniões com unanimidade. Lastimavelmente contra, como foi com “Desejo” de Elfried Jelinek. Autora premiada com um Nobel de Literatura. Ou seja, prêmio não é necessariamente premissa para aplausos.
Fiz um esforço supremo para ir até o fim. O livro é monótono e por ser um monólogo lembrou-me de uma viagem de avião em que desejamos ler um romance e o vizinho de poltrona desata a falar omitindo opinião ininterrupta sobre todos os assuntos que possa desenvolver em quatro horas de voo. Honestamente, torço para que um dos colegas do clube de leitura descubra e externe para nós o merecimento do prêmio.
O protagonista deste romance, o “estudante de chinês”, tem a paranoia de que a China, brevemente dominará o planeta. Para integrar as fileiras da nova classe dominante pretende aprender chinês e conhecer a China. Na sala de embarque do aeroporto ele aborda uma jovem chinesa acusada de contrabando o que motiva sua detenção para interrogatório pela polícia federal.
O autor ousou originalidade ao apresentar o romance em três monólogos que acontecem na delegacia do aeroporto. O do protagonista seguido pelo monólogo de uma delegada e finalizando com outro do protagonista. O problema é que a fala é repetitiva de tal forma que soubemos pelo menos umas trinta vezes que o “estudante de chinês” lê jornais e que foi abandonado pela professora de chinês no meio da lição 22 do quarto livro do curso intermediário.
O “estudante de chinês”, que não tem nome, tem um insuportável conhecimento enciclopédico sobre assuntos que pouco ou nada interessam, ainda mais quando jogados entre argumentos. Por exemplo, que o tomate tem mais genes que o homem ou que as igrejas, todas juntas, faturam no Brasil mais de vinte bilhões de por ano ou ainda que os setenta deputados mais ricos do PCC – Partido Comunista Chinês – detêm uma fortuna de setenta bilhões de euros. O protagonista imagina-se com sabedoria maior que a soma dos conhecimentos de Míriam Leitão (economia), Artur Xexéo (cultura), Gerson Camarotti (política) e Caetano Veloso (generalista).
Não está clara a intenção do autor em batizar o livro de Reprodução. Deduzo que seja porque o personagem principal reproduz, sem ter a própria opinião, o que leu nos jornais.

Mais de uma vez já ouvi dizer que “se você não for capaz de falar bem de uma pessoa então cale-se”. E é de praxe escritor só falar bem dos colegas. Eu não falei mal do autor, só não gostei da obra. Do mesmo autor li e elogio “O filho da mãe”, publicado pela mesma editora.

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