17 janeiro 2007

Gaita de Foles

Acordei no meio de noite. Olhei para o relógio que brilhava três horas da manhã. Fechei os olhos novamente para retomar meu sonho.
Eu estava num campo verde claro cercado por dezenas de ovelhas. A relva era salpicada de rochas cinzentas, mesmo tom do céu. Eu era pastor em algum lugar da Escócia e ouvia a música de uma gaita de foles.
Abri novamente os olhos, levantei e rumei para o banheiro. Sonho engraçado, meu único contato com os escoceses foi o uísque que tomei há uma semana.
Fui buscar um copo d’água e, surpreso, ouvi a música do sonho invadindo minha cozinha.
Curioso, sem acender as luzes, fui à janela.
Vi a cena mais surreal da minha vida. Um magrelo alto, sem camisa e descalço tocando gaita de foles em baixo da luz do poste. Enquanto tocava aquelas notas uníssonas, dançava como se estivesse num palco sob refletores. Na sombra estava a platéia: um vira-lata preto, deitado com a cabeça entre as patas, curtindo a música do dono.
Tive vontade de descer e conversar com a estranha figura. Eu não queria perguntar a marca do uísque.
Queria saber se tinha um pouco para mim.

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