25 novembro 2012

Os enamoramentos



Javier Marías

Editora Companhia das Letras – 2011

344 páginas

Paguei: R$ 50,00

Observação: a editora colocou dois livros dentro de uma sobrecapa.



É muito comum que o autor de um romance cite, mencione ou até escreva um capítulo se referindo a algum outro livro. Geralmente o livro mencionado é de alguma história que todos conhecem. Neste caso, a referência é a um livro de um grande autor e cuja história foi filmada pelo menos duas vezes. Mas não é de domínio público. O autor de Os enamoramentos não apenas citou, porém fez do conteúdo de Coronel Chabert um personagem importante para a história. Logo, se você pretende ler Os enamoramentos, deve, antes, ler o fabuloso texto de Honoré de Balzac.

O título e a capa sugerem que seja um romance açucarado. Já passado da metade da história, explica que o termo enamoramento em espanhol tem uma conotação inexistente em outras línguas, que difere de amor. Pode até suplantá-lo. Que embora se confundam, não são a mesma coisa. “O que é muito raro é sentir um fraco, verdadeiro fraco por alguém, e que esse alguém produza em nós essa fraqueza, que nos torne fracos. Isso é o determinante, que nos impeça de ser objetivos e nos desarme perpetuamente e nos leve a nos render em todas as contendas.” Em um clichê, o amor cega e por um amor desses somos capazes de qualquer sacrifício. Até morrer ou matar.

Mariá Dolz é a protagonista e narradora da história de pouquíssimos personagens. Involuntariamente conhece um casal que desjejua no mesmo café e que ela, durante muito tempo, costumava observar com admiração. Ou melhor, ela conhece apenas a mulher do casal. Ele foi brutalmente assassinado alguns dias antes.

A história se desenvolve de tal maneira que Mariá, novamente sem intenções, conhece toda a história por trás do homicídio. E, numa citação de um advogado do livro de Balzac “Sempre foi assim. O número de crimes impunes supera largamente o dos punidos; e não falemos dos ignorados e ocultos, por força deve ser infinitamente maior que o dos conhecidos e registrados.”

Eu gostei do livro. Mas com restrições, pois o autor é prolixo e repete e revive e remói e reconta a mesma passagem sob os mais diversos ângulos. Tanto que em determinado capítulo uma personagem leva oito páginas à porta para se apresentar e convidar o visitante a entrar na sala.

Para quem gosta de uma discussão de relacionamento, daquelas em que a mulher fala ininterruptamente, é um prato cheio.

Em tempo, o autor, conforme a orelha, publicou mais de 30 livros, foi traduzido para mais de 40 idiomas (acredito que queriam dizer vendido em mais de 40 países) e vendeu mais de 6 milhões de exemplares.

Um comentário:

Angela Ottoni Delgado disse...

Como gostei de ter lido "Le Colonel Chabert" e já li 3 livros do Javier Marías, me interessei por este livro. Vou procurá-lo!
Obrigada pela dica,
Angela Delgado

 
Search Engine Optimisation
Search Engine Optimisation