22 março 2016

Farmácia popular


A minha abstinência sexual passou dos limites suportáveis. Resolvi procurar profissionais para resolver as minhas pendências.

Entrei na farmácia e procurei pelas atendentes. Examinei as três, detalhadamente, uma a uma. Nenhuma delas era atraente. Entre elas, a morena clara era a menos desinteressante com a sua boca carnuda e seios volumosos. Perguntei se elas sempre trabalhavam de jaleco.

Ela fez cara de aspirina vencida e respondeu que sim. Que aquele era o uniforme dos funcionários.

Perguntei se acaso não podia colocar uma roupa mais inspiradora. Uma roupa de coelhinha, quem sabe uma ligazinha como as bailarinas de cancã ou então uma fantasia de enfermeira, mais condizente e apropriada com o local?

Com uma careta de quem tinha tomado uma colher de óleo de fígado de bacalhau, disse que não me dera nenhum motivo para uma investida tão despropositada. Disse que era casada e que o melhor que podia fazer por mim, seria ofertar um laxante cerebral.

O tom de voz atraiu o atendente que estava perto, um negão dos grandes. Observei o mesmo logotipo bordado no bolso superior. Aquele armário de duas portas não me interessava.

A outra atendente de cabelos oxigenados com seu corpinho de fome não resolvida, seria menos ruim. Vi que tinha mãos delicadas e cuidadas. Talvez fosse a principal profissional da farmácia. Imaginei aquelas mãos ágeis atuando em mim!

Perguntei onde era o quartinho para onde ela me levaria. O negão voltou a se aproximar.

Eu não sabia se era por ciúmes da oxigenada ou se era porque estava sendo preterido.

Na voz de tenor perguntou-me com cara de remédio tarja preta.

— Onde você pensa que está, coroa sem vergonha?


— Isso aqui não é uma farmácia de manipulação?

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