29 setembro 2010

Dinossauros exibem multichifres


“Escavações em uma remota região do sul do estado norte-americano de Utah descobrem série de dinossauros com vários ornamentos na cabeça. Os chifres serviam não só para luta com outros animais, mas como forma de atração para as fêmeas.” CB – Ciência 25/09/2010

Kosmoceratops Richardsoni com seus 15 chifres e Utahceratops Gettyi com seus cinco cornos revezavam-se frente a um espelho do shopping center. O espelho era muito pequeno para os dois simultaneamente.
Utah, o menorzinho, media 3 metros de orelha a orelha. Admirava as próprias guampas. Virava-se para a direita, depois para a esquerda. Meio de ladinho, empinava um chifre de cada vez, sentindo-se o rei do pedaço. Pensava seriamente em pintar um de cada cor. Estava cansado do mesmo tom de azul. Kosmo sugeria passar na Adelaide, a chifrecure do terceiro piso. Foi ela que lhe sugeriu o amarelo por transmitir calor, luz e descontração.
Kosmo e Utah, bons dinossauros que são, carimbam protocolos na mesma repartição. Aos sábados de manhã jogam futebol e sábados à noite se esbaldam num pagode.
Quando o sol se põe, vaidosíssimos, experimentam meia dúzia de camisas. Calça justa de cintura baixa. Cinto com fivelão. Combinam a meia com a cor da camisa. Reclamam dos sapatos. Dizem que estão apertados, que a indústria de calçados é incapaz de produzir sapatos resistentes. Passam brilhantina nos cornos. Kosmo lança moda com o primeiro chifre tatuado da turma: um homem de paletó e gravata segurando uma pasta de executivo. Se perfumam com âmbar francês. Antes de virar a chave para sair de casa pegam um chiclete, pois tudo acontece no interior dos Estados Unidos.
Estão prontos para paquerar e exibir as vastas ponteiras coloridas.
Sentam-se numa mesa perto da entrada para melhor observar e escolher as dinas. Enquanto os enroladinhos de alface não chegam, invariavelmente conversam e debocham dos antepassados de outras eras que se utilizavam dos chifres para brigar com rivais na disputa das melhores fêmeas. Que falta de civilização! Agora não, basta exibi-los para conquistar as mais formosas e curvilíneas fêmeas. Orgulhosamente concluem serem uma espécie evoluída. Conhecem de cor e salteado o discurso feminino. A elas pouco importa o tamanho da calosidade no cocuruto. O principal é a quantidade de adornos. Quanto mais cornos, melhor. Gargalham felizes e inocentes balançando as cabeças premiadas.
As fêmeas chegam aos barzinhos de saia curta balançando os rabinhos e contando cuidadosamente o número de bicos nas cabeças dos pretendentes. Nem querem conversa. Pouco se importam se são pontudos, retorcidos, compridos, furados, galhados, grossos, rombudos ou coloridos. Desejam profusão. Os machos cegos de futilidade, ostentam, além das cores e piercings, chifres com luzinhas nas pontas.
Ao contrário do que concluíram os cientistas, as fêmeas não consideram excitante a grande quantidade de chifres. Elas preferem parceiros muito chifrudos apenas porque significa que são tolerantes e certamente terão maior liberdade sexual. Simples assim!

Conto não publicado em jornal. Nem Folha de São Paulo, nem Globo. Tampouco Zero Hora, Correio Braziliense ou Estado de Minas.
Oitavo texto semanal consecutivo baseado em notícia publicada no Correio Braziliense. Aguardo convite para assinar contrato oficial de colunista.
Todos os textos tem tamanho pré definido, data e hora para publicação no blog.

2 comentários:

Norma disse...

Klotz, tô rolando de rir. Minha filha até veio assuntar o motivo de eu olhar para o monitor e rachar o bico de rir. Chifrecure Adelaide, de onde vc teria tirado esse nome? O texto está ótimoooooooooooooooo. Hilário! Vou indicar pros meus amigos. Bj

Klotz disse...

Uêba! Outro comentário.
O contador acusa um monte de leitores diariamente. Todos mudos.
hahahaha
Obrigado por ler e palpitar.

 
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