29 março 2009

Mote para crônica


Saímos da aula com o dever de anotar até o fim do dia, flashes motivadores para uma crônica.
Na porta do prédio encontramos com um senhor de uns 70 anos vestido com roupa domingueira. Pediu-nos dinheiro para voltar a Pirapora. Contou-nos, em lágrimas choradas de dor que fora assaltado na Rodoviária. Era preciso alguma coisa mais impactante para servir de mote. E seguimos caminho até um shopping. Compramos o que deveria ser comprado e retornamos ao estacionamento. Uma camionete estacionara em fila dupla fechando o nosso carro. Solicitamos a um guarda que nos ajudasse a empurrar o veículo obstruidor ou que o multasse. O guarda deu de ombros e disse que era tarefa do lavador de carros e virou-nos as costas. Também não era assunto merecedor de uma crônica opinativa. Muito engraçada foi a cena que vimos logo depois: a mocinha escancarou a porta do seu automóvel e em seguida abriu um guarda-chuva. Medrosamente esgueirou-se e colou a cabeça no guarda-chuva. Não queria se molhar em hipótese alguma. A vaidosa moça certamente passara o dia no cabeleireiro. Foi engraçado porque não estava nem chuviscando. Era um episódio muito ridículo para ser anotado. Chegando em casa vi imagens de um pavoroso incêndio na indústria química instalada entre residências. Considerei o tema óbvio demais para ser registrado. À noite fomos ao aniversário e posse de um amigo na Academia de Letras de Brasília. Comentamos que aquele era o desejo de todo homem, ter saúde, inteligência e naquele momento ser tornado imortal. Também não anotamos o que ponderei ser obviedade. Já em casa fiquei feliz. Ele deitou-se na cama enquanto e eu deitei-me no criado mudo. Por preguiça de gastar a minha tinta, convenci-o de que nada valia a pena ser escrito.

6 comentários:

Klotz disse...

Comentários ao texto no Comunidade orkutiana Bar do Escritor

**GIB@** - Boa Idéia. A crônica já está aí. Gostado.

Larissa Marques - Pois, olhares de poeta e pena fazem bom mote!
ótimo texto!

AMÉRICO LIMA - E tudo flora motes na visão dos poetas, adimiravel texto,obg!

Fillipe - Legal o texto. Tudo é culpa do maldito senso crítico.
Abraço.

Klotz - Obrigado pela leitura.
Falta de inspiração? Nunca. É um texto despretensioso que mostra como os inúmeros motes para a escrita estão bem à nossa frente. É preciso, porém, ter disposição para escrever.

Cesar Veneziani - Inspiração é tornar o óbvio belo...
Sua análise "inversa" é óbvia... E bela!!!
edson feuser - Boa Scrots

Anônimo disse...

hã ? rs.. Gostei... quero "Pepino e Farofa" entro em contato, sinal de fumaça, tambores ou e-mail.

Bjo

Klotz disse...

Vou enviar o livro por fumaça, tambor ou e-mail.
Beijo só ao vivo.

Klotz disse...

Klaus Merschbacher– Um primor, uma das melhores crônicas que li esse ano, sem brincadeira.
É isso mesmo: uma camera digital talvez não fizesse um retrato tão bom da impassividade.
Valeu, Klotz.
Essa valeu meu dia.

Calaça Produções – boa idéia, boa crônica!

Klaus – Boa é pouco. Ótima.

Carla e Anderson – Olha, só não vou dizer que foi a melhor que li esse ano, pq ando lendo um livro de crônicas da Clarice que tem me fascinado. Mas digo, sem a menor sombra de dúvida, que está excelente e que gostei muito de ter lido.
Carla.

Klaus – dddddddddeeeeeeeeeeeeeerrrrrrrrrrrrrrrrr

Klotz – Puxa, Calaça até hoje não agradeci, de público, a sua gentileza no dia do lançameto do meu livro. Então aqui vai: Agradecimentos públicos.
Menos Klaus. Menos. Esse povo maldoso vai sugerir que paguei jabá para você elogiar.
Você tá me gozando, Carla? Sem comparações.
O que você quis dizer com dddddddeeeeerrrrrr? (será que esqueci de algum d, e ou r?)

his disse...

Só hoje li. Cade minha prioridade de editora? Magoei....Mas mesmo assim, como sua mais ferrenha critica deixo aqui meu parecer: Klotz, voce esta cada dia mais Klotz. Vejo voce e seus comentários nas linhas e entrelinhas. Muito, muito, muito, muito bommmmmmmmmmmm. His.

Klotz disse...

Ontem recebi um e-mail do anônimo dizendo-se anônima.

Por uma questão de espaço, suprimi algumas linhas.

“Tudo bem ?
Quero me desculpar por não ter ido ao lançamento, vi as fotos: muito legal.
Parabéns, mais uma vez !!! ( mesmo que hiper atrasado, mas penso que desejar algo bom pra alguém pode ser atrasado, adiantado rs...)
Navegando na net, achei seu blog adorei seus textos, eu escrevo mal pacas, não
tenho pretensão nenhuma escrever algum livro, mas escrever um bom texto
é bem legal, tipo me fazer entender, se é que me entende?
Então ... quero o Livro* mas quero continuar anônima pode ser ?
Só não sei como faremos isso, alguma idéia ?
o problema de se apresentar ? Nenhum.
Só quero ficar quietinha no escuro, pode ser ?
Agora quando comentar sues textos assino como Chiquita !!!!!
Beijossssssssssssssss

* nota – observe que a anônima leitora escreveu Livro com maiúscula. Só Pepino e farofa, a Bíblia e o Corão têm este tratamento. Obrigado.

Ontem mesmo respondi o e-mail da anônima, agora devidamente identificada como anônima Chiquita.

Também por questão de espaço, suprimi algumas linhas. (aquelas que falavam de sexo explícito)

Chiquita,

Não precisa se desculpar por não ter ido ao lançamento.
Convidei todo mundo. Muito mais de um milhão de pessoas não compareceram.
Obrigado. Obrigado mesmo. Agradeço logo. Ao contrário de parabéns, agradecimentos devem ser agradecidos logo após parabenizados.
Conte melhor esse episódio da navegação na net. Em que mapa você encontrou a rota para chegar ao meu porto?
Há muitas formas de você receber o meu livro e permanecer anônima.
a) Você escolhe um barzinho daqueles bem lotados. Marca dia e hora. Vou até lá escolho uma mesa bem à vista e você pede ao garçom para levar o dinheiro para mim numa sacola (lembre-se que é muita grana). Eu recebo, discretamente confiro a dinheirama e deixo o livro sobre a mesa e vou embora. Você pega o livro 10 minutos depois.
b) Você esconde o dinheiro debaixo de um mouse pad de uma lan house. E manda um e-mail par mim informando qual o local. Vou até lá retiro a prata, entrego o livro para o caixa dizendo que achei o livro. Você passa lá no dia seguinte e prova ser a Chiquita e leva o livro. Com a dedicatória;
c) Você deposita R$ 28,13 na conta 602925-6 do BB agência 2873-8. Os 13 centavos indicarão que foi você. E eu coloco o livro em algum lugar pré-determinado ou no correio.
d) Você marca um dia, hora e local. Usarei uma venda (daquelas de sex shop) que não permite enxergar nada. Você me entrega o dinheiro em várias notas de cem (não terei como verificar, estarei vendado) e eu entregarei o livro.
e) Existe também a possibilidade de você contratar uma pessoa para receber o livro em seu lugar, no dia hora e local determinado.

Não há nenhum problema em não querer se apresentar. Acho isso ótimo. Vai engrandecer o currículo do meu livro.
“Pepino e farofa é fetiche de maluquinha que quer ficar quietinha no escuro” (Caracas: isso dá uma crônica)

Beijo,

 
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